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Estradas da saudade

Nordestino sai, volta e aprende a recomeçar

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Autor/Imagem:
Acssa Maria - Foto de Arquivo

As rodovias que cortam o Nordeste andam mais cheias de reencontros do que de partidas. Quem diria? Durante décadas, foram caminhos de fuga — corredores longos onde gente ia empurrada pela seca, pela falta de trabalho, ou por aquele sonho insistente de “melhorar de vida” nas cidades grandes do Sudeste.

Agora, parece que o vento mudou de direção.

Voltam homens que já viram o nascer do sol por cima de prédios enormes. Voltam mulheres que conheceram o ritmo apressado de metrôs e filas intermináveis. Voltam jovens que descobriram, na distância, a força do que deixaram para trás. Eles chegam com uma mala gasta, um celular cheio de lembranças e um desejo antigo de reencontrar raízes que nunca morreram.

As cidades nordestinas os recebem como quem abre as janelas depois da chuva. Há mais indústrias, mais comércio, mais oportunidades brotando feito mandacaru depois de trovoada. As avenidas cresceram, as praças voltaram a ter voz de crianças, e até o ar parece mais orgulhoso do próprio sotaque.

Cada retorno é uma história de ida e volta — como maré que se afasta só para lembrar onde pertence. E as famílias, ah… essas têm aprendido a reconhecer o milagre simples de ver o portão abrindo com alguém que, um dia, precisou partir para poder voltar.

O Nordeste, que tantos viram apenas como ponto de partida, hoje se afirma como lugar de chegada — terra onde as raízes não são correntes, mas bússolas. E cada migrante que retorna escreve, com passos firmes na poeira quente, uma espécie de poema vivo:

“Aqui também é possível recomeçar.”

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