Viver é preciso
Nordestino vive entoando canto da resistência e da superação
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No Nordeste, a vida não pede licença: ela acontece. Acontece sob o sol que racha a terra, no vento quente que varre a caatinga, no sal que gruda na pele de quem vive do mar. Acontece, sobretudo, no peito de um povo que aprendeu a transformar dificuldade em canto, dor em verso, escassez em invenção.
Resistir, por aqui, não é gesto grandioso — é rotina. É acordar cedo mesmo quando a chuva falha. É plantar esperança em chão duro. É fazer do pouco um mundo inteiro. A panela pode ser simples, mas a mesa é farta de histórias; o sorriso pode ser cansado, mas carrega uma alegria teimosa, dessas que não se rendem.
O Nordeste canta para não calar. Canta no aboio do vaqueiro, no repente improvisado, no forró que espanta a tristeza e convida o corpo a lembrar que ainda pulsa. Cada acorde é um lembrete: sobreviver também é celebrar. E celebrar, aqui, é um ato de coragem.
Superar não apaga as marcas — honra-as. As rugas contam secas, migrações, despedidas. Os olhos guardam o brilho de quem foi longe e voltou, ou de quem ficou e construiu. Há uma sabedoria antiga que ensina: a vida aperta, mas não quebra; desafia, mas não derrota.
Assim segue o Nordeste, cantando sua própria história. Um canto que não pede pena, pede respeito. Um canto que ecoa resistência e superação, lembrando ao Brasil — e ao mundo — que desta terra nascem não apenas desafios, mas gente forte, criativa e infinita como o próprio horizonte.