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Um povo forte

Nordestinos transformam saudade em poesia

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Autor/Imagem:
Acssa Maria - Texto e Foto

No Nordeste, até a saudade tem ritmo. Ela se mistura ao som do vento que dança no coqueiral, às lembranças de um forró tocado no terreiro e à voz rouca do sanfoneiro que insiste em cantar o amor que partiu, mas nunca foi embora de verdade.

Ser nordestino é transformar ausência em presença — é fazer da saudade um verso, um cordel, uma cantiga. É lembrar do que ficou pra trás e, ainda assim, sorrir, porque a lembrança não dói: ensina. O sertanejo que vê o sol rachar o chão aprende cedo que a vida não é feita só de fartura, mas de resistência e fé.

Na beira da calçada, o poeta improvisa: fala da seca, do amor e da esperança, como quem fala de velhos conhecidos. A mulher rendeira, entre linhas e agulhas, borda o tempo com a mesma delicadeza com que guarda as memórias. E o vaqueiro, montado no seu cavalo, sabe que cada jornada é também uma forma de oração.

No Nordeste, o coração pulsa diferente. A saudade não é peso — é matéria-prima de arte. Porque o nordestino não se conforma com o silêncio: ele o preenche com palavras, melodias e sonhos. E assim, entre o ontem e o amanhã, transforma dor em beleza, ausência em presença e saudade… em poesia.

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