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Meio ambiente

Nordestinos unidos contra os eventos extremos

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Autor/Imagem:
Acssa Maria - Foto Divulgação

No Nordeste, o céu sempre falou alto. Às vezes grita em forma de sol rachando a terra, outras vezes desaba em chuvas que chegam sem pedir licença. Entre a seca teimosa e a enchente repentina, o povo aprendeu cedo que o clima não é apenas paisagem — é personagem principal da vida. Mas se o tempo muda, o
nordestino se reinventa.

Quando o rio sobe além da conta, não é só água que corre: corre a solidariedade. Vizinhos batem à porta uns dos outros, levantam móveis, dividem abrigo, repartem o pouco que têm. Na seca, o mesmo gesto se repete em silêncio: uma cisterna compartilhada, uma sombra oferecida, um conselho antigo que ensina a esperar. A proteção nasce do coletivo, porque aqui ninguém enfrenta o extremo sozinho.

Nas comunidades, a resiliência não vem de manuais, vem da prática. É a associação que organiza mutirão para limpar o barreiro antes das chuvas. É a mulher que guarda sementes crioulas como quem guarda futuro. É o jovem que aprende a ler o vento, o chão, as nuvens, e transforma saber antigo em cuidado novo. O Nordeste se protege porque se conhece.

Enquanto o mundo fala em mudanças climáticas como algo distante, o sertão sente no corpo. E responde. Responde com adaptação, com tecnologia simples e eficiente, com respeito à terra. Responde exigindo políticas públicas, mas sem abrir mão da força comunitária que sempre sustentou a região quando a ajuda demorou a chegar.

A resiliência climática no Nordeste tem rosto, tem nome, tem história. É construída no dia a dia, no diálogo entre o passado e o amanhã. Não é resistência por teimosia, é por amor à terra onde se nasceu. É a certeza de que proteger o território é proteger gente.
E assim, entre extremos, o Nordeste segue firme. Não desafiando o clima, mas aprendendo a conviver com ele. Porque aqui, mais forte que a seca e mais rápido que a enchente, é a coragem coletiva de continuar.

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