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Luta pela dignidade

Nordestinos vivem faces e fases distintas

Publicado

Autor/Imagem:
Acssa Maria - Texto e Foto

No Nordeste, a dignidade não é luxo: é trincheira. Ela se levanta cedo, antes do sol, caminha descalça na terra quente, enfrenta a seca, o descaso e a esperança teimosa que nunca aprende a morrer. Aqui, viver é resistir — e resistir é um ato diário, silencioso e corajoso.

Há o sertanejo que olha o céu como quem lê um livro antigo, tentando decifrar sinais de chuva. Planta mesmo sabendo do risco, porque a fé também se semeia.

Há a mulher que sustenta a casa com mãos firmes e palavra doce, dividida entre o trabalho duro e o cuidado com os filhos, ensinando que dignidade é não baixar a cabeça, mesmo quando o mundo pesa. Há o jovem da periferia que sonha com estudo, arte, futuro — e luta contra estatísticas que tentam reduzi-lo a número.

Nas feiras, nos canteiros de obra, nas salas de aula improvisadas, a dignidade se manifesta em pequenos gestos: no pão repartido, na água economizada, no riso que insiste em brotar. O Nordeste é feito de muitas faces — agreste, sertão, litoral, capital — e cada uma carrega sua própria batalha. Mas todas se unem num mesmo fio: o desejo de viver com respeito.

Não se trata apenas de sobreviver à seca ou à pobreza histórica. Trata-se de ser visto, ouvido, reconhecido. De ter acesso à saúde, à educação, ao trabalho digno. De transformar a dor em canto, a falta em invenção, a luta em identidade.

E assim o Nordeste segue: ferido, sim, mas nunca rendido. Porque aqui a dignidade não pede permissão — ela se constrói, dia após dia, no chão quente da realidade e na grandeza de um povo que aprendeu a lutar sem perder a humanidade.

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