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Reunião de letrinhas

Nossos autores aguardam nossos leitores na Feira do Livro de Brasília

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@donairene13 - Foto Acervo Pessoal

Ontem começou a Feira do Livro de Brasília. E eu confesso: tenho um fraco por feiras de livro. Vou em todas que posso. Estive na última edição da Feira do Livro de Porto Alegre e agora fico imensamente feliz por poder reencontrar minha cidade também nesse cenário que tanto me encanta.

A Feira do Livro de Brasília faz parte da minha história de leitora — frequento há anos, desde quando acontecia ali na área externa do Shopping Pátio Brasil, com suas tendas brancas e livros espalhados ao ar livre, como se a literatura tivesse decidido tomar sol. Hoje, o evento acontece no Complexo Cultural da República, mas a emoção permanece a mesma. Ou talvez até maior.

Assim que cheguei, fui direto à Tertúlia, aquela loja que parece saída de um devaneio de leitor: canecas, camisetas, marcadores e bolsas inspiradas em obras literárias. Foi lá que meus olhos pousaram numa bolsa com a estampa da Baleia, a cachorrinha do livro “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos. Segurei o choro. Não estou exagerando quando digo que a literatura brasileira me emociona. Senti um nó na garganta ao me. lembrar daquele trecho que descreve a morte da Baleia, com a promessa de que ela acordaria feliz, correndo em um mundo cheio de preás. Que escritor consegue, com tão poucas palavras, nos deixar com o coração em frangalhos?

Mas não é só Graciliano. Toda a literatura brasileira me atravessa, me balança, me lembra que sou humana. Machado de Assis me emociona com sua ironia e sensibilidade — como esquecer a melancolia elegante de Brás Cubas ao declarar: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”?

Clarice Lispector me toca profundamente quando escreve em “A Paixão Segundo G.H.”:“Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.” É como se ela falasse de mim.

Guimarães Rosa me transporta, me eleva, me desmonta. Em “Grande Sertão: Veredas”, quando Riobaldo diz: “Viver é muito perigoso”, ele diz tudo — e diz tão pouco. E, com isso, diz mais do que consigo explicar.

A literatura brasileira é isso: um espelho, um abrigo, um abismo. É lágrima escondida entre as páginas e é arrepio nas entrelinhas. E é por isso que gosto de prestigiar eventos como a Feira do Livro. Porque são espaços onde podemos encontrar, reencontrar e celebrar esses autores e essas emoções.

Convido você a se emocionar comigo na Feira do Livro de Brasília, que vai até o dia 14 de junho. Vai por mim: seu coração vai agradecer.

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