A última polêmica
Nove ‘sim’ e três ‘não’ positivos sobre nomeação de Mourãozinho
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O general Paulo Chagas, retirado da caserna por ter chegada sua hora, é um dos mais atuantes oficiais do Exército nas redes sociais. Vira e mexe ele se faz presente, postando seus comentários sobre temas polêmicos.
O caso da nomeação de Rossel Mourão, filho do vice-presidente da República Hamilton Mourão para a função de assessor especial da presidência do Banco do Brasil, não passou batido.
São 12 pontos (como os Trabalhos de Hércules, lembrados por Monteiro Lobato) em discussão. Na avaliação do general, nove deles merecem um ‘sim’. E os três restantes, um ‘não’ positivo.
As interpretações são várias, lembra Paulo Chagas. E tudo depende dos valores e da honestidade de cada intérprete. Para isso, é preciso responder às seguintes perguntas.
Veja o que escreveu o general:
1) O preenchimento do cargo de Assessor Especial da Presidência é de livre escolha do Presidente do banco e essa escolha é feita entre os habilitados pelo banco?
R.: Sim, o ato é regular e da rotina do BB.
2) O funcionário escolhido, no caso o filho do VPR, tem mérito e habilitação para o cargo?
R.: Sim, tem mérito, habilitação e experiência.
3) Existem outros funcionários, tão ou mais qualificados que o escolhido, que aguardam para ascender à função que ele vinha exercendo e que o habilitou a ser o escolhido?
R.: Sim, há funcionários habilitados que esperam há muitos anos para esta promoção. Do que pode-se concluir que há gente sendo preterida em promoções no BB e que o escolhido, por seus méritos, venceu este patrulhamento nos seus primeiros sete anos de banco.
4) O escolhido está apto para exercer a função e tem capacidade para tal?
R.: Sim, ele é funcionário há 18 anos e, há 11, trabalha na área em que esteve até agora. Chegou como Assessor de Unidade, sendo, posteriormente, promovido a Assessor Empresarial, o que o habilitou ao cargo de Assessor Especial.
5) É lícito imaginar que o escolhido, apesar de habilitado, em oportunidades anteriores, tenha sido excluído da relação de escolha por ser filho de militar e por suas posições antagônicas aos governos anteriores ao de Jair Bolsonaro?
R.: Sim, é sabido que, durante a maior parte do tempo de serviço do escolhido, a presidência do banco foi exercida por nomeados pelo PT e que o critério ideológico, foi preponderante sobre os demais, o que pode ter excluído o filho do VPR das possibilidades de ser o escolhido.
6) O fato de o escolhido ter perdido sua vaga na garagem do prédio do BB onde trabalha, durante a gestão petista, pode ser interpretado como perseguição?
R.: Sim, mas, a bem da verdade, é preciso ter em conta que os Assessores Empresariais (antigo cargo do escolhido) não têm garantia de vaga no prédio. Quando há sobra de vagas, é feita uma distribuição entre os Assessores Empresariais. Ou seja não era um direito absoluto, podendo, no entanto, ser questionado o critério usado para a perda da vaga na garagem.
7) Pode-se suspeitar de que, independente do mérito e da habilitação, o fato de o escolhido ser filho do VPR tenha influenciado no critério de escolha do Presidente do BB?
R.: Sim, é lícito imaginar que este aspecto tenha sido considerado, porque, nos criterios do BB,, é “bom” para o exercício da presidência ter este tipo de via de contato com a Presidência da República.
8)Seria justo excluir o funcionário da lista de escolha para o cargo, apesar de habilitado, pelo fato de ele ser filho do VPR?
R.: Não, porque seria a aplicação do mesmo critério ideológico, agora sob o manto da hipocrisia ética.
9) O VPR teria solicitado ao Presidente do BB a escolha do seu filho para este cargo especial?
R.: Não, porque nas circunstâncias em que chegou à Vice Presidência da República, seria um tiro no próprio pé e na moral do governo, bem como uma desmoralização para o Presidente do BB.
10) O fato será explorado pela imprensa e pela oposição?
R.: Sim, sem dúvida.
11) Seria justo o VPR interferir negativamente na ascensão do seu filho para evitar o desgaste à sua imagem e ao governo?
R.: Não, seria injusto e mesquinho!
12) Se, daqui a quatro anos, houver uma mudança no governo, e, consequentemente, na Presidência do BB, o escolhido poderá ser dispensado e rebaixado?
R.: Sim, esta é a “lógica” do BB.
Feito isso, pondera Paulo Chagas, é possível chegar-se a diversas conclusões e a variadas posições pessoais, dependendo da personalidade e dos valores dos analistas. “Que cada um consulte a sua consciência e tome uma posição”, finaliza.