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Cadê meu cigarro?

O dia em que o velho Ataliba entrou em desespero

Publicado

Autor/Imagem:
Eduardo

O velho Ataliba, mal acordou, buscou o maço na cabeceira. Vazio. Nem se lembrava de que havia fumado o último cigarro antes de adormecer. Sem alternativa, tratou de calçar o chinelo e caminhar até a venda na esquina.

— Bom dia, Antônio.

— Bom dia, Ataliba.

— Quatro maços.

— Só isso?

— Me vê um isqueiro também.

Já na calçada, acendeu o primeiro cigarro do dia. Após algumas boas tragadas, sentiu a alma retornar ao corpo. Foi aí que percebeu um jovem se aproximar de modo suspeito. Ataliba, apesar de já passado dos 70 anos, era parrudo o suficiente para intimidar possíveis assaltantes.

— Ô, velho, me dá um cigarro aí!

— Seu pai não te deu educação?

— Tenho pai não.

Ataliba sentiu um calafrio subir por toda a espinha. Manteve o olhar firme sobre o seu mais novo desafeto, quando, então, ouviu outro desaforo.

— Só não te dou um murro porque você é idoso.

— O quê?

— O que o quê, velho?

Como Ataliba já havia atravessado o Rubicão, não tinha mais volta.

— Pois, venha, moleque!

E lá foi o velho, punhos em riste, em direção ao desafiante. Por sorte, o rapaz saiu correndo. Ataliba sentiu o maior alívio e, então, tratou de voltar o mais rápido possível para seu o apartamento.

Já acomodado na poltrona da sala, pensou em voz alta: “Cigarro mata!”

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Eduardo Martínez é autor do livro 57 Contos e Crônicas por um Autor Muito Velho’

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