O Lado B da Literatura
O escritor Lúcio Cardoso foi tão prolífero, que até Deus duvida
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O retratado de hoje em O Lado B da Literatura foi irmão de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Sim, isso mesmo! Seu nome? Joaquim Lúcio Cardoso Filho ou, simplesmente Lúcio Cardoso, mineiro de Curvelo, nasceu no dia 14 de agosto de 1912 e faleceu no Rio de Janeiro, então capital do país, no dia 22 de setembro de 1968.
Lúcio, romancista, dramaturgo, jornalista e poeta, é considerado um dos expoentes da literatura intimista, ladeado com figuras notáveis como Vinicius de Moraes, Cornélio Pena e Otávio de Faria. Essa vertente literária despontou no país na década de 1930.
Entre suas obras estão ‘Maleita’, ‘Salgueiro’, ‘Mãos vazias’, ‘Luz no subsolo’, ‘Inácio’, ‘Dias Perdidos’, ‘O enfeitiçado’ e ‘Baltazar’. Sua leitura reflete questionamentos da condição humana, assim como os valores como o bem o mal.
‘Crônica da casa assassinada’, de 1959, é considerado seu livro mais famoso, tendo influenciado a obra de Clarice Lispector, amiga do autor. Lúcio Cardoso também foi colaborador do jornal A Noite, entre outros. Escreveu peças de teatro: ‘Angélica’, ‘A corda de prata’ e ‘O filho pródigo’. Aliás, esta última obra foi a primeira encenada pelo Teatro Experimental do Negro, em 1947, com Abdias do Nascimento e Ruth de Souza. Foi executivo na empresa de seguros que pertencia a seu amigo e editor Augusto Frederico Schmidt.
Lúcio Cardoso também escreveu para o cinema, entre os quais estão o filme ‘A mulher de longe’ e ‘Porto das caixas’. E, após a sua morte, vários de seus textos foram adaptados para a sétima arte.
Em uma época extremamente preconceituosa, Lúcio Cardoso foi uma das primeiras figuras da cultura a assumir sua homossexualidade, deixando relatos sobre sua orientação sexual, relatando suas culpas geradas por conta da forte formação católica.
O primeiro AVC que acometeu o nosso autor aconteceu em 1962, o que paralisou o lado direito do seu corpo. Isso acabou impedindo-o de continuar a escrever e, então, passou a se dedicar com afinco à pintura, tendo exposto suas obras algumas vezes. Em 1968, após set vitimado por um segundo derrame cerebral, veio a óbito.
Lúcio Cardoso, um nome que o Brasil precisa reverenciar, cujo impacto na literatura foi enorme.
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Cassiano Condé, 82, gaúcho, deixou de teclar reportagens nas redações por onde passou. Agora finca os pés nas areias da Praia do Cassino, em Rio Grande, onde extrai pérolas que se transformam em crônicas.