Retrospectiva (Continuação)
O Foco no momento presente
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Ensinamentos da antiguidade oriental percebem como causas do sofrimento: o apego que se manifesta pela ansiedade ou anseio de prover ou antecipar o futuro e o desejo.
O foco no momento presente e o desapego a comportamentos repetitivos impulsionados pelo desejo são considerados libertadores.
Na primeira retrospectiva sobre meus escritos de 2025, publicada em 09/12/2025, evoquei publicações que partiram de espectros de sentimentos viciantes simbolizados pelo Javali, o Galo e a Cobra. E mencionei até certa superação da raiva pelo empoderamento da escrita criativa que contou com a valiosa parceria do Café Literário Notibras.
A empreita aqui é a de retoma, dentre minhas publicações, algo que possa apontar para o foco no presente.
Durante o ano de 2025, o encontro com outros autores impulsionou o exercício de estar presente. O ponto alto dessa iniciativa deu-se na escrita da “Rapsódia da Rua da Mooca” a ser lançada brevemente por: Edna Domenica, Eduardo Martínez (editor do Café Literário), Gilberto Motta, Marlene Xavier Nobre e Rosillene Souza. Sobre o livro a ser lançado, pode-se saber pelo prefácio de Cecília Baumann que: “Rapsódia da Rua da Mooca não é apenas um livro. É uma declaração de amor à palavra, à liberdade e à beleza que nasce quando criamos juntos.”
Na publicação coletiva “Do que você gosta?”, em 21/02/2025, no Café Literário, contribuí com o que segue:
“Gosto de um gostar
Que impregna o ar
Retórica artística confessa
Rumo a pessoas,
Afetivamente.
Gosto de livros
De um jeito professoral
Que afaga a escrita
Sem iludir você
Definitivamente,
Gosto.”
No poema ” Acalanto para Fênix Menina” , publicado em 25/11/ 2025, registro um momento de renascimento e de percepção do eterno devir que antecede o estado de presença:
“Na noite novembrina,
Uma alma leve, lavada
canta acalanto pra Fênix
Alma minha, Menina.”
Em 24/11/2025, o texto “Fio” descreve o processo de inspiração poética como movimento corporal involuntário tal como a respiração:
“Da terra,
inspiro
hortelã
O ar aroma
enleva,
leva,
acalanta.
Do ar,
expiro
nítido astral
– Hortelã: tela
(metamorfoses
formas
cores).”
No poema “Aristóteles na boca do povo”, publicado em 29/11/2025, pode-se ler sobre o momento poético:
“a palavra uterina, cedo ou tarde, escapa pela boca.”
Ainda em “Aristóteles na boca do povo”, o momento de escrita é apresentado como uma vivência paradoxal sob o viés da pessoa que cria. Por um lado, a escritora se sente tomada pela inspiração imperiosa, mas, por outro, atende a essa demanda com a tranquilidade de quem se dedica à escrita como atividade rotineira:
“E a Esfinge maliciosa e sorridente
Repetia entre dentes:
– Sublima-me ou te devoro!
Enquanto Bela, em seu quarto…
Calmamente…
Escrevia.”
Em provisória e momentânea conclusão, fico por aqui.
…………………
Sobre a autora (Dados autobiográficos):
Não sou pessoa indicada a dar respostas… Nem sou mais de correr. Mas tenho ido pra Pasárgada sempre que quero rever a “estrela da vida inteira”… Às vezes olho pra quem está “preparando outra pessoa” e o tempo para pra olhar aquela barriga… E lembro da jovem guarda nas tardes de domingo… Fico bem. Mas depois me lembro “da mosca que pousou na minha sopa”… E da ” gente humilde que não tem onde morar”. Então “estou de malas prontas” pra Shangrilá.
Fora da ficção não há salvação! Livrus, verso.