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Sociedade adoecida

O luto invisível de uma infância em permanente transe

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Autor/Imagem:
Emanuelle Nascimento - Foto Francisco Filipino

As recentes pesquisas do Instituto de Psiquiatria da USP sobre crianças e adolescentes revelam um crescimento alarmante nos quadros de depressão, ansiedade e transtornos de conduta. Mas o que esses diagnósticos escondem é uma pergunta incômoda: o que fizemos com a infância?

Durkheim, ao falar do suicídio, já nos ensinava que os laços sociais são precursores de sentido. Uma criança sem comunidade, sem escuta, sem espaços de expressão afetiva, está em risco. A medicalização dos sentimentos infantis revela o esgotamento das estruturas familiares, escolares e institucionais. A infância, como categoria construída socialmente, conforme defende Philippe Ariès, se dissolve nas exigências adultocêntricas e nas lógicas do desempenho.

É preciso pensar a saúde mental infantil não como um problema isolado, mas como expressão de uma sociedade adoecida. As crianças não estão doentes: elas estão reagindo. A crônica do abandono se escreve nos cadernos escolares, nos silêncios das salas de aula, nas casas onde falta tempo e sobra tela.

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