Elementos da Natureza (III)
O Mistério da Água visto sob a ótica do esoterismo
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A concepção dos quatro elementos da Natureza — Terra, Água, Ar e Fogo — remonta à alquimia e às tradições místicas ancestrais. Cada elemento reflete um aspecto essencial da vida e do Cosmos. Entre eles, a Água se destaca como princípio da fluidez, da fertilidade, da cura e da purificação, desempenhando papel central nos mitos de criação e nos rituais sagrados de inúmeras culturas.
No plano esotérico, Água simboliza o inconsciente, o feminino, a intuição e a capacidade de transformação pela fluidez. É o elemento ligado ao útero primordial e às forças geradoras da vida. Representa também a purificação e a renovação, sendo empregada em rituais de limpeza espiritual, batismos e a iniciação esotérica. Os elementais da Água são seres aquáticos, as náiades, as undines (fluviais e lacustres) e as sereias (marinhas). Todas são acolhedoras e benéficas se respeitadas, perigosas se ofendidas, todavia.
Na alquimia, a Água é vista como o solvente universal (aqua permanens), indispensável às operações de dissolução e transmutação, de acordo com o princípio alquímico “solve et coagula”. Sua função é dissolver a forma bruta da matéria para que ela possa renascer em estado mais elevado. Os alquimistas associam o elemento Água ao mercúrio filosófico, princípio da mutabilidade e da união dos opostos.
Na astrologia, a Água rege os signos de Câncer, Escorpião e Peixes. Os planetas associados são a Lua e Netuno, o dia da semana é a segunda-feira. Estes signos são associados à sensibilidade, empatia, mistério e espiritualidade. O elemento confere profundidade emocional, capacidade de adaptação e forte ligação com os ciclos naturais.
O símbolo da Água é representado por um triângulo equilátero apontado para baixo, às vezes com uma linha horizontal cortando sua base. Esse sigilo expressa o princípio receptivo, a descida para o interior, a condensação a partir da dissolução, e aparece em tradições herméticas, celtas e orientais.
Nas sociedades ancestrais, a Água sempre ocupou posição de destaque. No Egito antigo, o Nilo era considerado divino, fonte de fertilidade e vida. Entre os hindus, o rio Ganges é sagrado até os dias atuais, atraindo milhões de fiéis, sendo suas águas vistas como purificadoras e libertadoras. Entre os povos nórdicos, a fonte de Mímir era o reservatório da sabedoria cósmica. Na China antiga, a Água era um dos Cinco Elementos (Wu Xing), associada à introspecção, ao inverno e ao renascimento.
Na Wicca e na feitiçaria contemporânea, a Água é invocada para rituais de cura, purificação, amor e espiritualidade. É comum o uso de cálices, fontes ou conchas nos altares como representação do elemento. A prática de banhos rituais com ervas é frequente, assim como a consagração de objetos mergulhando-os em água corrente.
Alguns rituais venerando a Água incluem batismos e bênçãos para purificação e renascimento espiritual, realizados com água de fontes, rios, chuva e mar; na consagração lunar, recipientes com água são deixados sob a luz da lua cheia para carregar-se de energia intuitiva e feminina; banhos de ervas, utilizados na Wicca e em tradições populares, visam purificação, amor ou prosperidade; nas consagrações fluviais e marítimas são ofertados flores, velas e alimentos, em honra às divindades aquáticas.
A Água, portanto, é o princípio vital e espiritual, mediadora entre o mundo material e o transcendente. Seu culto atravessa civilizações e permanece vivo nos rituais contemporâneos, remetendo às origens, como um lembrete de que toda a vida nasceu e depende desse elemento sagrado.
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Giovanni Seabra
Grão Mestre do Colégio dos Magos e Sacerdotisas
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A Parte IV será publicada na terça-feira, 23