WICCA
O poder mágico que vem do alho e do alecrim
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O alho e o alecrim são dois poderosos aliados na magia, capazes de trazer proteção, purificação e boas energias. O alho afasta influências negativas e é um escudo natural contra energias densas. Já o alecrim purifica, fortalece o espírito e atrai clareza mental. Esses ingredientes têm sido utilizados por bruxos, bruxas, magos e sacerdotisas há séculos para renovar a alma, o corpo e proteger contra todos os males.
O uso de ervas na magia acompanha a humanidade desde os primórdios, sendo o alho (Allium sativum) e o alecrim (Rosmarinus officinalis) dois dos elementos mais consagrados na tradição esotérica, alquímica e wiccana. Ambos carregam atributos simbólicos e energéticos que os tornaram indispensáveis em rituais de proteção, purificação e fortalecimento espiritual.
Na tradição da Wicca, o alho é reconhecido como um poderoso protetor contra forças negativas e entidades indesejadas. Colocado em portas ou janelas, simboliza uma barreira energética contra más influências. Textos de magia popular europeia indicam que pendurar tranças de alho dentro das casas afasta a inveja e o mau-olhado, prática que ecoa no uso ritualístico na Europa, no Brasil e outras regiões do mundo.
O alecrim, por sua vez, é considerado uma erva solar, associada ao elemento fogo e ao planeta Sol, segundo a correspondência clássica do Mago Agrippa, na obra De Occulta Philosophia. Seu aroma penetrante e a energia vibrante simbolizam vitalidade, clareza mental e purificação. Queimar ramos de alecrim em rituais wiccanos é prática comum para consagrar espaços, invocar proteção e reforçar a conexão espiritual.
Na alquimia, tanto o alho quanto o alecrim possuem representações simbólicas ligadas à transmutação do corpo e do espírito. O alho, pelo seu odor forte e natureza penetrante, é associado à expulsão das impurezas internas e externas, funcionando como metáfora do processo de separação alquímica (separatio). O alecrim, por sua vez, representa a incorporação da luz solar e da energia vital (spiritus), sendo utilizado em elixires e destilações medicinais. O uso combinado do alho e do alecrim revela uma dualidade alquímica e espiritual: enquanto o alho representa a expulsão das forças negativas, o alecrim simboliza a incorporação da luz e da vitalidade.
O Egito Antigo, berço de uma das mais sofisticadas tradições religiosas e mágicas do mundo, atribuiu profundo valor às plantas em seus rituais sagrados. Entre essas, o alho e o alecrim se destacaram tanto no campo medicinal quanto esotérico, sendo integrados às práticas funerárias, mágicas e de purificação espiritual. O alho era cultivado no Egito desde o terceiro milênio a.C., como relatado nos papiros médicos datados de 1550 a.C., que mencionam as suas propriedades curativas e protetoras. Além do seu uso medicinal contra infecções, acreditava-se que o alho possuía um poder capaz de afastar influências nocivas, espíritos malignos e forças demoníacas que ameaçavam a ordem (Maat).
O alecrim, por sua vez, embora de origem mediterrânea, chegou ao Egito através de rotas comerciais que ligavam o delta do Nilo ao Mediterrâneo oriental. Há evidências do uso da planta em contextos funerários egípcios, associado ao processo de embalsamamento e purificação dos corpos. Seu perfume era considerado solar, invocando a energia de Rá, o deus-sol, servindo para preservar a sacralidade do corpo e da alma.
Diversos grimórios medievais e renascentistas recomendam o uso combinado dessas duas plantas. Uma infusão de alho e alecrim era preparada não apenas como remédio físico, mas também como poção protetora contra “espíritos malignos e pestilências”, conforme descrito em compilações de magia natural da Idade Média.
Na Wicca contemporânea, práticas de bruxaria verde unem alho e alecrim em feitiços de banimento e de proteção energética. Uma receita comum consiste em preparar um pequeno saquinho de pano contendo dentes de alho e folhas secas de alecrim, usado como amuleto protetor. Além disso, ao cozinhar, as bruxas modernas costumam invocar a energia dessas ervas, transformando o ato de alimentar em ritual sagrado de cura e proteção.
Outro aspecto importante é o uso do incenso de alecrim com alho seco em rituais de Lua Cheia, voltados para limpeza espiritual e fortalecimento da aura. Essa prática ecoa a tradição hermética, na qual o fogo alquímico transforma as ervas em fumaça sagrada, elevando suas propriedades ao plano etéreo.
Portanto, alho e alecrim, quando unidos, formam uma dupla mágica que sintetiza os princípios alquímicos de separação e incorporação, a sabedoria popular de proteção e cura, e a espiritualidade wiccana que enxerga nas ervas o reflexo do poder da natureza. Através deles, a magia se manifesta tanto no plano físico quanto no espiritual, preservando e fortalecendo aqueles que invocam o seu poder.
Use mas não abuse!
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Giovanni Seabra – @giovanniseabra.esoterico
Grão-Mestre do Colégio dos Magos e Sacerdotisas
@colegiodosmagosesacerdotisas