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'Ano novo, Vida nova'

O que há de positivo nesse novo ano e o que ele tem a nos ensinar?

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Autor/Imagem:
Ana Beatriz Rosa

Na tradição ocidental, a passagem de ano é celebrada de acordo com o calendário criado pelo Papa Gregório 13, em 1582. A partir de então, o dia 1º de janeiro é marcado como a data em que se inicia um novo ciclo e conhecida por ser uma fase repleta de esperança. Já a palavra Réveillon é mais recente e começou a ser usada no século 17 para designar as festas cheias de fartura da nobreza europeia. O termo tem origem no verbo francês réveiller, que significa acordar ou despertar.

Contada a história, 1º de janeiro pode parecer, então, uma data um tanto quanto arbitrária para se começar um “ano novo”, já que é resultado de decisões de épocas anteriores a nossa. À parte disso, o primeiro dia do ano pode, também, soar um tanto quanto imperativo e recheado de ansiedades. O lema “Ano novo, Vida nova” nem sempre funciona como incentivo. Então porque colocamos tanta expectativa nessa data?

De hoje em diante existem, ao menos, 365 novas oportunidades para realizar sonhos e ser feliz. Isso é fato. Mas não quer dizer que não seguir a risca as “X resoluções para 2018”, “jurar nunca mais fazer Y” ou ainda “ter o comprometimento de ser mais Z” será sinônimo de falha ou incompetência.

No lugar de reparar nas conquistas alheias, ouse se enxergar no espelho e se orgulhar do caminho percorrido até ali. Para o ano que se inicia, o desafio é que cada um encontre a sua própria liberdade e faça as pazes consigo mesmo.

Em 2017 assistimos à tempos políticos cada vez mais nauseantes com avalanches de denúncias e investigações no Brasil e no mundo. A velocidade de consumo das tecnologias digitais, e suas manipulações, nos deixaram sempre muito ocupados e distantes. Vimos emergir uma ode à intolerância e, em alguns casos, o silêncio foi sinônimo de desânimo.

Mas 2017 também foi um ano em que escolhemos um caminho sem volta de representatividade e diversidade. Assistimos a mulheres-fortalezas gritarem e defenderem os seus direitos. Decidimos por uma trajetória de autoaceitação e valorizamos cada imperfeição de nossos corpos. Como sociedade, recusamos padrões e comportamentos que há tempos são naturalizados. Nos fizemos ouvir sobre aquilo que há de mais corajosos em nós: O nosso desejo de sermos verdadeiros e reais.

Experimente fazer uma faxina em sua casa e nas suas redes sociais. Não tenha medo do unfollow. Deixe para trás toda e qualquer energia que sinta que não lhe cabe – e isso inclui relações, hábitos ou objetos. Desafie-se a ouvir o contraditório e encarar aquilo que você não concorda ou apenas não conhece.

Tenha calma – Desacelere e se jogue no sofá por uma tarde inteira. Ouse valorizar a pele na pele, o olho no olho e o poder de uma conversa fiada em tempos de aplicativos touch screen. Experimente pedir. Quantas vezes a surpresa de um “sim” mudou todo o cenário?

Prove, insista e teime naquilo que você acredita. Mas ouça. Verdadeiramente escute o que o outro tem a dizer. Construa, compartilhe e agradeça todos os dias. O tempo dedicado a quem você ama é intransferível, assim como os prazos do trabalho.

Em 2018, se tiver que assumir um novo compromisso, o faça não porque é chegado o tempo em que se inicia mais um novo ano. Não precisamos necessariamente de “X hábitos”, da “dieta Y” ou de “Z novas conquistas”.

O que há de poderoso em começar novos ciclos é, de fato, viver a oportunidade de se conectar com o aqui e agora e tudo o que esse universo de espaço e tempo tem a nos oferecer. Não por que o passado não nos serve mais. Mas por que é urgente – e delicioso – viver.

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