O Rio de Janeiro não é para amadores

Ando reparando que Anthony Garotinho, aquele velho conhecido dos cariocas e, por tabela, do Brasil inteiro, voltou a circular por aí com seus vídeos. Às vezes aparece com análises políticas que só ele entende completamente; noutras, manda mensagens cifradas, cheias de pausas dramáticas e olhares que sugerem saber muito mais do que diz. Quem conhece a história recente do Rio sabe que Garotinho nunca é aleatório.

Garotinho é uma figura emblemática do estado: polêmico, performático, teatral, imprevisível. A imagem dele sendo transferido para uma penitenciária, aos gritos e carregado em uma maca, é simplesmente icônica, símbolo perfeito da novela política fluminense, sempre cheia de tramas mirabolantes e capítulos improváveis.

E não dá para negar: se Garotinho conhece o Rio, é porque ele fez (e faz) parte dele. Conhece as malandragens, os atalhos, os acordos, as rupturas. Já foi preso, já foi solto, já viveu de tudo nessa estrada tortuosa da política do Rio de Janeiro. Mas, acima de qualquer coisa, ele parece estar sempre bem informado.

Por isso, quando ele diz que Cláudio Castro governa com o Comando Vermelho, eu paro para prestar atenção. E quando afirma que o governador está numa situação delicadíssima, eu acredito. Não porque Garotinho seja fonte confiável no sentido tradicional, mas porque ele é daquele tipo que fareja problema antes do noticiário. Ele sabe onde a fumaça vira incêndio.

E digo mais: se um dia eu estiver caminhando tranquilamente pelas ruas do Rio e vir Garotinho correndo, pode ter certeza de que eu vou correr também.