A existência arde
O Silêncio das Rosas
Publicado
em
A existência arde
Arde no toque da alvorada
No sopro inaugural do dia
Na primeira lágrima que dança
No sonho que se desenha
Nos braços que o destino entrelaça
Arde… nos passos incertos
Que vagam sem mapa, sem bússola.
A existência arde, sim
Arde nas sílabas engasgadas
Na ausência de confissões
Naquele… “sou teu”
Que o tempo levou
Dos olhos que já não se abrem
Dos nomes que viraram vento
Você partiu daquela rua
Como quem foge da própria sombra.
A existência arde, sim
Arde no amor que virou constelação
Na cicatriz do primeiro abismo
Nos risos que se calaram
Arde na distância que não se dissolve
Na alvorada que não traz retorno
Nas trilhas que ficaram por sonhar
Arde na gargalhada que era sol
E hoje é eco no vazio.
A existência arde, sim
Arde no toque que não volta
Quando o afeto se despede
Arde no poema esquecido
Na melodia que se perdeu no tempo
Arde no verso indomado
Do poeta que ainda espera
Arde nas teclas mudas
De um piano que chora na penumbra.