Do cactus à flor
Ode ao orgulho que o nordestino carrega
Publicado
em
Esse orgulho que carrego, eu jamais vou dividir —
não por egoísmo, mas porque nasceu comigo,
veio grudado na pele, feito poeira de estrada
que o vento do sertão não leva embora.
A seca me deixou cego na maior dor que senti,
mas também me ensinou a enxergar por dentro:
a medir o mundo pela coragem,
a pesar a vida pelo tanto de fé,
a reconhecer grandeza até no chão rachado.
É duro, mas não entrego.
E se o destino aperta, eu aperto junto,
porque nordestino não se curva:
arriado, só o jumento;
gente daqui é de coluna inteira,
mesmo quando o dia pesa mais que o sol.
E uma coisa que não nego
— nem quero, nem posso —
é a terra onde eu nasci.
Terra de espinhos que viram flor,
de chuva que quando vem é festa,
de gente que faz da luta um ofício
e da esperança um costume antigo.
No Nordeste, o orgulho não é escolha:
é raiz.
É bandeira que se carrega no peito
mesmo quando falta quase tudo.
É a certeza teimosa
de que quem nasce aqui
aprende cedo a ser forte
para nunca deixar de ser grande.