Lágrimas repousam
Oferto-te pétalas
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Oferto-te pétalas
À soleira do tempo,
Mesmo que teus olhos
Já não possam tocá-las.
São flores do alvorecer,
Colhidas com mãos trêmulas,
Regadas por orvalhos
Que a saudade derrama.
Permaneço ao teu lado,
Como sombra que vela,
Mesmo que não percebas,
Mesmo que seja breve como o sopro da manhã.
Do sono profundo
Que os deuses guardam,
Ah, se eu pudesse te trazer de volta
Por um instante de luz!
Para sentir tua presença,
Para envolver-te em silêncio,
Como quem abraça o vento
E escuta o eco do infinito.
Mas além dessa porta,
Só tua essência flutua,
Como brisa que escapa
Do cárcere do tempo.
Lágrimas repousam
Como o crepúsculo sobre as montanhas,
Como folhas que dançam
Na despedida do outono.
Suspiros se espalham
Na quietude do espaço,
Como teu corpo sereno,
Que já não responde ao toque.
Na morada onde o ouro
E o esplendor se desfazem,
Lá te buscarei,
Quando meu caminho se fundir ao teu.
E então,
Seremos apenas luz,
Sem forma, sem dor,
Apenas presença.