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Essência

Onde dorme o silêncio

Publicado

Autor/Imagem:
Luzia Couto - Foto Francisco Filipino

No relicário secreto da minha essência,
sinfonias brotam como flores raras,
com pétalas de lembrança e perfume de saudade.
Cada acorde é tecido com fios de memórias,
e cada estrofe carrega o peso doce da esperança ferida.

A dor, maestrina incansável,
rege uma orquestra de sentimentos com mãos invisíveis,
fazendo vibrar cordas que só o coração conhece.
Ela desenha notas no ar com lágrimas silenciosas,
que escorrem dos meus olhos como tinta sobre pergaminho antigo.

Meu peito cristalino, vulnerável,
é como um relicário de vidro exposto ao tempo,
pulsa em compassos hesitantes,
como se quisesse adormecer no colo do esquecimento.
Mas não lhe dou esse poder.

Ergo-me como aurora em rebeldia,
rompendo véus de sombras com minha própria luz,
e declamo ao universo com voz de trovão:
sou chama acesa, sou presença viva, sou verbo em movimento!

Minha essência escuta esse brado e resplandece,
como se cada célula dançasse ao som da minha coragem.
Nesse instante, versos de júbilo dançam em minha voz,
como borboletas que escapam do casulo da dor.

Eu te celebro, vida! grito com fervor,
com o peito aberto como janela para o infinito.
A lua, vaidosa e cúmplice,
desliza entre nuvens para ouvir meu canto,
e derrama prata sobre meu caminho,
como bênção silenciosa de quem compreende sem julgar.

E assim, onde antes dormia o silêncio,
agora floresce um jardim de canções,
onde cada nota é um passo,
cada verso é um abraço,
e cada rima é um reencontro comigo mesma.

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