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Baratas tontas

País vê uma semana de horrores para Lula e horas de apagão de Jair Bolsonaro

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Jr - Foto de Arquivo

Associados à posse dos novos presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente o deputado Hugo Moura (Republicanos-PB) e o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), os últimos meses, semanas e dias viraram sinônimo de calvário para o presidente Luiz Inácio. Como não há nada tão ruim que não possa piorar, a semana passada foi de horrores e precisa ser apagada do cenário palaciano. Não disponho de informações seguras acerca dos batimentos cardíacos do presidente da República. Entretanto, independentemente de pesquisas, não tenho dúvidas de que bateu saudade dos tempos de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Na mesma proporção da terrível semana de Lula, o fim de semana, mais precisamente o último domingo, foi determinante para a fracassada tentativa de Bolsonaro reaver o poder à força. Para quem, estimulado pelo pastor Silas Malafaia, só fala em milhões, reunir pífios 12 mil seguidores em uma manifestação é um péssimo sinal. Como os números não mentem, seria o ocaso de Jair Bolsonaro? Para alguns, sim. Para outros, é a mesma fadiga eleitoral de Lula da Silva. Seja lá o que for, o retrato dos responsáveis direto ou indireto pela famigerada polarização está envelhecido.

Deliberada, voluntária ou acintosamente ($), Moura e Alcolumbre estão dispostos a jogar água na fervura de Lula da Silva. Ou seja, está claro que farão de tudo – e mais um pouco – para evitar o Lula 4. O PT sabe disso e promete reação. Por conta disso, candidatos estimulados ou manipulados pelo czar da direita, Jair Bolsonaro, não conseguem mais esconder que surfam na onda da impopularidade e das seguidas trapalhadas e derrotas impostas ao Lula 3 pela dupla que engole Bolsonaro pelas beiradas. É claro que, por enquanto, eles seguem a gritaria da turma do andar de cima, mas não esquecem que os que decidem eleição ainda estão escondidos, aguardando a hora de mostrarem a cara.

Sem mais chances de blefar, o inelegível ex-presidente mudou o rumo da prosa. Na manifestação desse domingo (29), o discurso foi futurista. A ideia de Bolsonaro e de seus asseclas é lutar para conquistar maioria no Congresso a ser eleito em 2026 e, desse modo, continuar mandando no país de Lula ou de quem quer que seja. A estratégia tem por objetivo final garrotear o Supremo Tribunal Federal, hoje o maior inimigo das aspirações tirânicas do falido mito. Resta saber se os “novos” deputados e senadores aceitarão se subordinar a um político com votos, supostamente com aliados importantes, mas sem mandato e, provavelmente, sem liberdade.

No pior cenário imaginado para 2026, a vitória da direita poderia representar o início do fim da caríssima democracia. Conforme ordens do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), se for da direita, o próximo presidente terá de se comprometer com a anistia dos bandoleiros golpistas de 8 de janeiro de 2023, inclusive, se necessário, com o uso da força. Interessante e contraditório o ordenamento do clã. Se não houve tentativa de golpe, como a família afirma, por que antecipar o uso da força? É ou não é o prenúncio de uma ditadura suja e sanguinária?

Ainda estamos longe do dia em que brasileiros, brasileiras, “patriotas” e nordestinos dirão o que querem para o Brasil. Até agora o que sabemos é que a esquerda não tem candidato sem Luiz Inácio e a direita não marchará sem os votos de Bolsonaro. A diferença é que, inelegível, um não estará nas urnas. O outro já está lá e ninguém tira, nem mesmo à força. Diante desse quadro de polarização, a única certeza é que não há hipótese de terceira via. Em outras palavras, se ficar o bicho pega e se correr o bicho come. Fiquemos, mas oremos!

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Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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