Grupo corrosivo
Paranoia da anistia vai frustrar mundo que gira na mitologia plana
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Obcecados pelo paranóico projeto que busca anistiar todos os envolvidos na fracassada tentativa de golpe na democracia brasileira, deputados e senadores da direita esquecem do principal detalhe da política nacional: o povo, apelidado de eleitor a cada dois anos, não esquece dos traíras. Aqueles que se utilizam do mandato parlamentar em benefício próprio ou para bancar ou apoiar maracutaias e propostas escusas jamais serão esquecidos. Passados dois anos e sete meses desde a posse, em fevereiro de 2023, o que a bancada bolsonarista já fez de útil para a população?
Os que responderam nada estão certos em parte. É bom lembrarmos sempre que, além de defender criminosos e a criminalidade, as excelências dessa tenebrosa corrente política têm um único projeto na cabeça: a canonização do mito Jair Bolsonaro, cuja trajetória política, apesar de longa, também é parecida com zero. Ao contrário do repetido somatório feito por seus seguidores, os 28 anos como deputado federal e mais quatro anos na Presidência da República resultaram em nada, vezes nada, cuja soma é igual a nada.
Sendo extremamente honesto, com algum sacrifício talvez consiga elencar meia dúzia de projetos apresentados e aprovados ao longo desses 32 anos. É muito? Acho que sim. Como jornalista político de décadas, só comecei a descobrir quem realmente era Bolsonaro a partir da página 22, número do partido de Valdemar Costa Neto, o 71 dos relatórios policiais. Antes disso, ele foi o 11 do antigo Partido Progressista, hoje apenas Progressistas, e depois 17 do Partido Social Liberal, do falecido advogado Gustavo Bebiano, abandonado à própria sorte depois de seguidos conflitos com Carlos Bolsonaro, o 02.
Diante dessas afirmações, não é difícil deduzir que, juntando Bolsonaro, os parlamentares bolsonaristas e seus seguidores, chegaremos a um grupo corrosivo, de alto risco e que, além do Supremo Tribunal Federal, um dia será julgado negativamente pelos livros de História do Brasil. Perdão pela sinceridade, mas nada do que eles produzem geram resultado positivo. Muito pelo contrário. Com efeito inverso ao rei Midas, que supostamente transformava tudo em ouro, o que eles tocam efetivamente vira bosta.
E não é uma bosta qualquer. O exemplo dado pelos representantes do que há de pior na política nacional pode ser sintetizado pelas ações de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, do líder Sóstenes Cavalcante na Tribuna da Câmara e do angustiado Nikolas Ferreira nas redes sociais. Junto de seus pares, eles não só envergonham os brasileiros sérios e honrados. Envergonham a pátria que juraram defender e as leis que um dia prometeram cumprir.
Na semana do juízo final, defensores da impunidade ampla, geral e irrestrita fizeram questão de esquecer o trabalho dos antecessores, os quais faziam leis para combater crimes. Hoje, os que não integram facções de corruptos e corruptores, legislam exclusivamente produzindo leis para favorecer criminosos. Infelizmente, são todos consequência das escolhas do povo. É uma pena, mas faço minhas as palavras do filósofo alemão Immanuel Kant: “Se o homem faz de si mesmo um verme, ele não deve se queixar quando é pisado”.
