Parreiras recebia bem, mas a filha cantava seus fados

José Escarlate

Tinha cara de cantina portuguesa, mas era restaurante. E da melhor qualidade. Ficava num subsolo da “Galeria Nova Ouvidor”, no Setor Comercial Sul. Seu nome, “Cachopa”.

Era um restaurante fino, bem montado e, segundo os especialistas, era lá que saboreava-se o melhor bacalhau da cidade.

Havia uma mocinha, filha do português dono do restaurante, que se dizia cantora de fados. Com isso, discorria todo o seu repertório ao cair da tarde, para alegrar a freguesia.

Em frente, do outro lado do Cachopa, ficava o “Panela de Barro”, um restaurante capixaba voltado para frutos do mar. Os dois, conviviam pacificamente.

Lembro que um dia foi realizado um show musical em algum ponto da cidade, não recordo onde, trazendo artistas famosos, de nome, para jantar no Cachopa. O Parreiras, dono do restaurante, fez as honras da casa, recebendo a todos com fidalguia.

Mas fez questão de colocar sua filha na mesma mesa que os artistas famosos, para que ela fizesse também o seu showzinho de fados.