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Uma aberração

Paulista tem gosto pra tudo, mas o cuscuz deles é um estraga prazer

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@donairene13 - Foto Francisco Filipino

Eu geralmente adoro São Paulo, de verdade. A cidade tem um certo charme no caos, uma energia que te engole e te joga num looping infinito de trânsito, prédios e gente. Mas nas últimas vezes que estive por lá, percebi que talvez eu esteja ficando velha, cansada e um tantinho mal-humorada. Porque, sinceramente, só de olhar pra tanta gente, já sinto vontade de deitar no chão do aeroporto e pedir um minuto de silêncio.

São 11 milhões de habitantes!

Isso significa que qualquer lugar que você entre já tem, no mínimo, umas duas Campinas lotadas dentro. O aeroporto parece um formigueiro em dia de festa, o restaurante tem fila até pra respirar, e no barzinho você mal consegue ouvir a música, o que é até bom, porque geralmente é um sertanejo universitário berrando sobre saudade de ex.

E aí eu entendi a fama do paulistano de não responder “bom dia”. Não é grosseria, é economia de energia. Porque se ele for responder a todos os “bons dias” que recebe, não sobra tempo nem pra pegar o metrô errado e chegar atrasado na reunião. É pura questão de sobrevivência.

Agora, o que realmente destrói meu bom humor em São Paulo não é o trânsito, nem a poluição, nem a multidão. É o cuscuz paulista. Aquela aberração gastronômica que parece ter sido feita por alguém que perdeu uma aposta. Porque, convenhamos, transformar um cuscuz em um pudim salgado cheio de ervilha e ovo cozido? Isso não é receita, é vingança.

Enfim… São Paulo continua sendo uma cidade incrível. Mas, confesso: cada vez que volto, penso que a maior prova de resistência física e mental não é correr uma maratona, é atravessar a Avenida Paulista às seis da tarde sem surtar.

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