Política encardida
Pensando no próprio rabo, direita esquece do Brasil que vota e elege
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Tão ou mais bárbaro do que os vândalos de 8 de janeiro de 2023, a bancada conservadora da Câmara, liderada pelo PL de Valdemar Costa Neto, impediu esta semana que o governo federal estabelecesse novas fontes de arrecadação como alternativa ao também impedido aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Retirada da pauta, a proposta buscava arrecadar cerca de R$ 17 bilhões em 2026 taxando rendimentos de aplicações financeiras e apostas esportivas.
Sob o mesquinho argumento de que o governo Lula aumentar a arrecadação em ano eleitoral pode significar o fim do sonho presidencial da direita, os partidos vinculados às maldades físicas, emocionais e administrativas do ex-presidente Jair Bolsonaro derrubaram nessa quarta-feira (08) a medida provisória que deveria garantir à União fechar o orçamento do ano que vem. Como disse o presidente Lula, a imbecilidade política “jogou o Brasil contra o Brasil”.
Na verdade, derrotada antes mesmo da eleição, a direita atônita, tacanha e sem propósitos acha que, evitando que o Executivo arrecade mais, impedirá Luiz Inácio de manter a casa em ordem e de cumprir com suas promessas e obrigações junto à sociedade brasileira. Além de pensar pequeno, a corriola parlamentar vinculada ao bolsonarismo só pensa em agradar ao chefe e, ao mesmo tempo, ficar bem com o gado. Pode ser. No entanto, ficam mal com o restante do país.
Como diz Seu Cuca, é a política encardida pretendida pela direita, tendo à frente o Centrão de Ciro Nogueira (PP-PI), o senador que tende a ficar sem mandato em 2026. São péssimos como cidadãos e encostos como parlamentares. Por razões espúrias e exclusivamente eleitorais, os membros do Partido Liberal, do Progressista, União Brasil e Republicanos, partido de Tarcísio de Freitas, decidiram priorizar em plenário os objetivos pessoais e do grupo que representam (leia-se o clã Bolsonaro), em detrimento dos interesses da coletividade, do Brasil que vota e elege.
No jargão popular, só enxergam o próprio rabo e, eventualmente, os piniqueiros do rebanho. Não à toa, integram o que há de pior no que teimamos em denominar de partidos políticos. São tão pequenos, demagogos e estultos que aceitaram perder a personalidade física para se tornarem capachos de Jair Bolsonaro, ou seja, viraram pessoas sem passado, sem presente e, se Deus quiser, sem futuro. Se viver até outubro de 2026, torcerei contra todos os que deram as costas para o Brasil e para os brasileiros.
Pendular e cada vez mais distante do povo, inclusive dos paulistas e dos paulistanos, o governador Tarcísio de Freitas foi, ao lado de Valdemar Costa Neto e de Ciro Nogueira, um dos principais artífices da derrota do Planalto. O governo perdeu, mas escancarou a digital daqueles que, a pretexto de rejeitar o aumento de impostos, se posicionaram contra o país. Entre esses, o mais ilustre é o governador de São Paulo, aquele que, a exemplo do chefe Bolsonaro, transforma tragédia em piada.
Novo garoto propaganda da Coca-Cola, Tarcísio por enquanto se mantém como aquele que foi sem nunca ter sido. Mais uma vez recorro a Seu Cuca para lembrar o governador e a seus pares que o povo desprezado um dia será louvado. Esse dia já está na agenda dos cerca de 150 milhões de eleitores: 4 de outubro de 2026. Os que chegarem até lá certamente experimentarão o mesmo chicote com o qual vêm açoitando o povo brasileiro. Para que nunca esqueça, Seu Cuca é eu.
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Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras
