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Ida à terra natal

Pisar no velho solo é reviver momentos memoráveis da infância

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Autor/Imagem:
@donairene13 - Foto Produção Editoria de Artes/IA

É estranho como o corpo reconhece os lugares antes mesmo que a memória desperte. Os pés sabem onde pisar, como se ainda houvesse ali a sombra das pegadas deixadas pela menina que fui. Caminhar por aquelas ruas, rever as esquinas que moldaram meus dias, é como visitar uma versão antiga de mim mesma: aquela que ainda sonhava sem medida e acreditava que o tempo era um rio que nunca se esgota.

Revivi lembranças que pareciam adormecidas no fundo de alguma gaveta da alma: o cheiro do pão da padaria da esquina, o som do portão da escola se abrindo, o calor da calçada onde sentávamos para ver o fim da tarde. Em cada beco, em cada muro descascado, havia uma parte de mim. Inocente, livre, às vezes triste, mas inteira.

Estar ali é mais do que revisitar o passado. É uma busca silenciosa por identidade, por segurança, por pertencimento. Como se aquela cidade, com todas as suas mudanças e permanências, ainda soubesse me chamar pelo nome exato. É um reencontro com minhas raízes, com a linguagem esquecida dos começos, com a menina que não sabia de quase nada, e, justamente por isso, era feliz.

Como diz a canção: “voltando pra minha terra eu renasci”.

E, de fato, renasci.

Não como quem volta para ser o que era, mas como quem retorna para lembrar porque é quem é.

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