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Flores para Marielle

Planalto, Congresso e Supremo não jogarão morte em beco sem saída

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José Seabra - Foto Reprodução das Redes Sociais

O tecido político de uma nação muitas vezes é marcado por complexidades e rivalidades intrincadas. Porém, quando a linha entre política e crime se torna tênue, a confiança pública é severamente abalada. Agora vem à tona uma explosiva revelação com o envolvimento de autoridades de alto escalão no assassinato de Marielle Franco. A onda de choque e indignação tomou o Brasil por inteiro. A situação tende a ficar mais grave com o pressuposto de que a elucidação do crime não enterra o inquérito sobre um corpo sepultado há quatro anos. Foi o que disse Ricardo Lewandowski no domingo, 24.

O assassinato pode envolver, sim, mais um proeminente líder político, cuja voz e ideais desafiavam o status quo. O crime ocorreu em circunstâncias misteriosas e foi inicialmente encoberto por uma rede de conspiração. No entanto, investigações meticulosas lançaram luz sobre uma teia de conluio que aponta diretamente para outras figuras de autoridade.

Os detalhes agora fornecidos traçam um desenho alarmante sobre o envolvimento de altos funcionários do governo e membros influentes da elite política no planejamento e execução do assassinato. Testemunhos, evidências forenses e comunicações interceptadas pintam um quadro perturbador de corrupção e abuso de poder.

A motivação por trás desse ato hediondo ficou estritamente na esfera política. A liderança de Marielle, silenciada, representava uma voz dissidente, desafiando agendas estabelecidas e ameaçando expor a corrupção sistêmica. Sua morte serviu como uma agora vista vã tentativa desesperada de calar a voz da verdade, permitindo ao grupo de agentes públicos manter seu status quo.

O que podemos ter pela frente, a considerar-se o que disseram Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública, e o delegado Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, são tentáculos supostamente mais fortes envolvidos na trama de onde partiu a ordem para matar. Em outras palavras, quem mandava ou manda nos mandantes? Aberta a porta do labirinto, a indignação será ainda mais generalizada. Não será surpresa se protestos irrompam por todo o país, do Oiapoque ao Chuí, clamando por justiça e responsabilização. Porque a confiança no sistema, agora mais do que nunca, foi abalada até o seu cerne, gerando uma crise de legitimidade de quem governou à época do assassinato, e impondo ao governante atual a ordem de não ficar pedra sobre pedra. O ministro e seus homens da Polícia Federal têm como ir até o fim da meada. E com provas robustas, nem o Supremo, nem o Congresso Nacional, terão como dizer não à força do martelo da Justiça.

Além do impacto político, a elucidação da morte de Marielle trará implicações socioeconômicas significativas. Investidores estrangeiros começam a expressar preocupações com a estabilidade do país, ainda dividido entre o bem e o mal. O Real pode despencar e os mercados financeiros enfrentarão volatilidade crescente. Em síntese, está nas mãos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, incinerar a incerteza política desencadeada por esse escândalo que ameaça paralisar o progresso e o desenvolvimento.

Já se sente no ar, após essas revelações chocantes, a pressão para uma investigação mais ampla, transparente e imparcial. Esse caminho a ser trilhado não tem volta. E não pode acabar em um beco sem saída. Os brasileiros, por natureza avessos à violência – embora crimes hediondos, muitos defendem, deveriam ser resolvidos com uma injeção letal – exigem que todos os responsáveis sejam levados à justiça, independentemente de seu status ou poder. O desafio para as instituições judiciais é monumental, mas a restauração da confiança pública é imperativa para o futuro da democracia. Em ocasiões assim é mais fácil acolher a ideia de transformar brazões em brasas que se transformarão em cinzas.

Vale destacar que o envolvimento de agentes públicos em um assassinato político representa um ponto de inflexão na história do país. É um lembrete sombrio dos perigos quando o poder político é corrompido e usado para silenciar a dissidência. A verdadeira medida de uma sociedade democrática reside em sua capacidade de enfrentar a corrupção e garantir a justiça para todos os seus cidadãos e punição para todos os criminosos. O mundo observa atentamente como o Brasil responderá a esse teste crítico de sua integridade e moralidade política.

Por fim – e só a título de sugestão – passaportes retidos há alguns meses deverão continuar em cofres indestrutíveis, inclusive com escudos contra habeas-corpus. Se, como diz Lewandovski, fatos novos poderão vir à tona, cautela e canja de galinha não farão mal a ninguém.

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