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Traduzindo Zé

Planalto precisa mudar comunicação para que Lula possa brilhar

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Autor/Imagem:
José Seabra - Foto de Arquivo/Joédson Alves - ABr

Ninguém quer comer pimenta pela borda. Nem ratos se atrevem. Não que vá arder na boca, mas no bolso. O problema é que o bolo, embora grande, tem pequenas e grossas fatias. E a própria mídia de esquerda, que se diz independente, quando muito solta uma nota no pé da página, como se temesse uma colherada de malagueta.

Enquanto isso, impérios da comunicação que vivem atrelados ao governante do momento, nem por isso deixam de manchar a imagem de quem lhes abre a porta do cofre. Chegam mesmo a associar-se a institutos de pesquisa de opinião para sugerir que a queda da imagem é irreversível. E a derrocada vai avançando como um bêbado com os olhos vendados a caminho do precipício.

Tudo isso acontece em ano de eleições municipais, quando sementes serão plantadas em outubro para brotar no pleito majoritário de 2026. O problema é que a comunicação é falha. Foi o que apontou o ex-ministro José Dirceu, velho alicerce do PT, em artigo publicado em Notibras na segunda, 19. Lula, mesmo enquanto arruma a casa neste seu terceiro mandato, faz o que prometeu em campanha, mesmo que aos trancos e barrancos. Ocorre que o Moura Brasil sai de cena, trocado, entre outros, com o selo Heinz. E o brilho nos olhos do ‘Velho guerreiro do povo brasileiro’, fica opaco.

Zé Dirceu meteu o dedo na ferida. Foi no ponto certo. Com sua metralhadora verbal giratória, o ex-ministro apontou que no vasto tabuleiro da política, a comunicação é a peça-chave para moldar a percepção pública e consolidar a imagem de um governo. Deixou claro que em um cenário onde cada gesto e palavra são analisados e interpretados, a habilidade estratégica na transmissão de mensagens é crucial para influenciar positivamente a opinião popular. Assim, o refinamento da estratégia de comunicação emerge como uma arte indispensável para melhorar a imagem de um governo. E isso não vem ocorrendo.

A pimenta pode arder. Mas vemo-nos obrigados a afirmar que em comunicação é fundamental compreender o contexto e as demandas da sociedade. Uma publicidade eficaz deve estar enraizada na realidade dos cidadãos, abordando suas preocupações e aspirações. Isso requer um profundo entendimento das questões que ressoam com o público-alvo, bem como das expectativas em relação ao governo.

Nessas horas, a clareza e a transparência devem ser os pilares da mensagem governamental. O povo valoriza a honestidade e a franqueza. Portanto, é essencial comunicar de forma direta e acessível. Evitar jargões políticos e linguagem complexa é crucial para garantir que a mensagem seja compreendida e bem recebida pelo público.

O rumo traçado, atesta-se, está errado. Inexiste a necessária consistência tão fundamental para construir confiança e credibilidade. A mensagem do governo deve ser coerente em todos os canais de comunicação, desde discursos oficiais até publicações em redes sociais. Isso demonstra uma postura sólida e comprometida, reforçando a imagem de estabilidade e responsabilidade. Não cabe, por exemplo, encher os cofres do fogo amigo e aplicar castigos a quem foca como alvo de sua visão adversários políticos.

Há que se considerar também outro aspecto importante: a capacidade de adaptação às mudanças e crises que surgem do nada e ganham a força de um tsunami. Um governo resiliente é aquele que pode responder rapidamente aos desafios emergentes, ajustando sua comunicação conforme necessário. Isso envolve ser proativo na antecipação de problemas potenciais e na formulação de respostas eficazes para mitigar danos à imagem governamental.

Além disso, investir em canais de comunicação eficazes é essencial para alcançar e envolver o público de maneira significativa. Nesse caso pode ser incluída a utilização de mídias sociais, campanhas publicitárias direcionadas e programas de engajamento comunitário. Dessa forma, o governo pode amplificar sua mensagem e construir uma conexão mais forte com os cidadãos.

Com ou sem ardência nos olhos, com ou sem fatias menores, embora mais abrangentes, é crucial lembrar que a comunicação não é apenas sobre transmitir informações, mas também sobre ouvir e responder às preocupações do público. Um governo receptivo e empático é mais capaz de ganhar a confiança e o apoio de seus cidadãos. Portanto, a comunicação eficaz deve ser uma via de mão dupla, onde o diálogo aberto e a participação pública são valorizados e incentivados.

Em síntese, aprimorar a estratégia de comunicação é essencial para melhorar a imagem de um governo, particularmente este que comanda o Brasil dos gabinetes do Palácio do Planalto, com um apêndice que se perde no emaranhado da Esplanada dos Ministérios e seus anexos.

Ao compreender as necessidades da sociedade, comunicar com clareza e consistência, adaptar-se às mudanças e envolver o público de maneira significativa, o homem que leva o vidrinho da Heinz no bolso pode, sim, construir uma reputação sólida e inspirar confiança na população. Afinal, na era da informação, a arte da comunicação é a chave para o sucesso político. Principalmente quando estão em jogo cargos eletivos que terão peso substancial na disputa maior que será travada daqui a dois anos e cinco meses.

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