Planalto faz manobra perigosa para livrar Dilma do Petrolão
No terremoto que vem devastando a política brasileira onde a Petrobras está no epicentro, há ainda fôlego para tentar viabilizar uma saída incólume dos escombros, pelo menos para os políticos envolvidos. O governo federal está tentando isso, há pelo menos sete meses. Pouco tempo depois de explodir a Operação Lava Jato.
Na Procuradoria-Geral da República, representantes de empreiteiras envolvidas no esquema que surripiou pelo menos 10 bilhões de reais da estatal têm se encontrado com Rodrigo Janot, figura máxima na instituição. Quando não é com ele, com outros procuradores de sua indicação.
O fato foi revelado pela revista Istoé deste final de semana. O que se tem decidido nesses encontros pode trazer consequências graves para as investigações. Segundo advogados e ministros do Supremo Tribunal Federal ouvidos pelo semanário, impossibilitaria investigar a participação do governo federal no esquema. “Na prática pode ser um acordão para livrar o governo”, transcreve a reportagem.
“Se cabe ao STF investigar os políticos com foro especial, limitar que pessoas que participaram do esquema recorram ao Tribunal é violar o direito de defesa e reduzir o alcance da investigação”, explicou um dos ministros a revista.
Na didática de Janot, a ideia é fazer com que os acusados aceitem a delação premiada proposta por ele. Janot quer que haja a admissão de culpa de executivos e diretores das empreiteiras para, de fato, haver um acordo. Força-os a aderirem e favorece o conjunto político envolvido no esquema do Petrolão.
Os delatores, avalia Janot, teriam de indicar políticos. Assim fazendo, as investigações teriam que pular do Paraná para Brasília, no STF, já que os acusados políticos tem foro privilegiado. Caberia então ao procurador-geral pedir que se façam as investigações ao ministro Teori Zavascki.
No entanto, Janot só fará isso depois que a delação que ele arregimentou for aceita. E como é de praxe, chegando no braço jurídico do Planalto, pouca coisa vai andar.
Elton Santos
