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PM prende jornalista que filmava prisão de torcedor argentino

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Um policial militar identificado como sargento Edmundo Faria prendeu, na tarde deste domingo, a repórter do jornal O Globo Vera Araújo, quando ela tentava filmar uma ação de PMs na Quinta da Boa Vista. Os policiais deram voz de prisão após a jornalista registrar imagens de um torcedor argentino, que havia sido detido por supostamente urinar na rua.

Irritado com a filmagem, o sargento, que usava uma identificação do grupamento responsável pela segurança durante a Copa, determinou que a jornalista desligasse o equipamento. Embora Vera tenha apresentado a sua identificação profissional, o sargento decidiu prender a jornalista “por desacato à autoridade”.

Após colocar Vera Araújo na patrulha, o sargento, ao invés de seguir imediatamente para a delegacia registrar o caso, percorreu por mais uma hora ruas de Benfica, São Cristóvão e Jacaré. Durante o percurso, sargento Farias tomou o celular da jornalista, que tentava fazer contato com representantes da PM e com o jornal para explicar o mal entendido. Muito nervoso, ele decidiu parar o veículo e algemar Vera Araújo.

“Ele (Farias) apertou tanto que os meus pulsos estão machucados. Ele simplesmente não quis ouvir as minhas explicações. Além disso, me agrediu verbalmente”, disse Vera.

Na 17ª DP (São Cristóvão), a jornalista, acompanhada de um advogado do jornal, decidiu registrar o caso como abuso de autoridade. Ela fez exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML). Ao tomar conhecimento do caso, os comandos da Secretaria de Segurança e da Polícia Militar mandaram representantes da Corregedoria de Polícia Militar para a delegacia. Segundo o tenente-coronel Cláudio Costa, relações públicas da PM, a corregedoria vai apurar a responsabilidade do policial.

“O comando da Polícia Militar determinou que o caso seja investigado. O policial será ouvido e, assim que tomarmos o depoimento dele, teremos condições de informar quais as medidas poderão ser tomadas”, afirmou Costa.

Em nota, divulgada no fim da noite, a Polícia Militar informou que o sargento “ficará preso administrativamente no Batalhão de Campanha, unidade onde é lotado”. No comunicado, a corporação ressaltou “seu respeito e admiração pela jornalista”, acrescentando que considera o trabalho da imprensa “fundamental para a garantia da democracia”.

Em abril, um outro jornalista foi detido por policiais militares quando fazia fotos de uma ação de PMs, durante a desocupação da Favela da Oi, no Engenho de Novo. Um dos policiais derrubou o aparelho celular usado pelo jornalista para filmar a operação. Em seguida, outro PM arrancou seus óculos e lhe aplicou uma chave de braço, acusando o repórter de incitar a violência. Após ser imobilizado, ele foi filmado pelo mesmo policial, que dizia: “Estou filmando um repórter da Globo que estava jogando pedras. Vocês mostram a nossa cara, agora estou mostrando a sua”. O policial agressor não usava identificação na farda. Na época, a PM também abriu uma sindicância para apurar a ação dos policiais.

A prisão do repórter em abril levou a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Jornais e o Sindicato dos Jornalistas do Rio a condenarem a prisão do repórter e os ataques à imprensa.

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