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Contragolpe

Poder abraça elite financeira e esquece povo

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Editorial/Pátria Latina

Nenhuma instituição atualmente vigente poderá salvar o Brasil. Nenhum dos assim denominados poderes da república. E por que? O Brasil começou a sofrer esta desconstrução quando os governos militares resolveram não seguir os mandamentos dos idealizadores e construtores do golpe de 1964, os interesses econômicos estadunidenses da época, e voltaram-se, a partir de Costa e Silva até Geisel, para erigir um país industrial, com tudo que era necessário para isso.

Fica difícil saber se os estados maior, os formuladores teóricos das estratégias, tinham a compreensão da luta que se travava, no mundo capitalista e naquele final dos anos 1960, entre a industrialização e as finanças. Mas o fato é que Costa e Silva, no lugar de Roberto de Oliveira Campos, Octávio Gouveia de Bulhões, Juarez Távora, Juracy Magalhães, chamou para seu Ministério Afonso de Albuquerque Lima, Antônio Dias Leite, Edmundo de Macedo Soares, Hélio Beltrão, Antônio Delfim Netto e Mario Andreaza. Ou seja, no lugar de entreguistas financistas colocou nacionalistas industrialistas.

E este mesmo conjunto governou de 1967 a 1980, conduzindo o Brasil a um período de grande crescimento econômico e conquistas previdenciárias, trabalhistas e sociais, num período que além do emprego e as pessoas podiam vislumbrar um futuro melhor.

Talvez o leitor cobre a democracia, o combate à tortura, a ação dos órgão de segurança que misturavam a externa com a interna. Realmente, isto ocorreu e não deve ser defendido. Mas houve a contraparte do desenvolvimento e da soberania nacional, muito clara nas ações do Governo Geisel com o reconhecimento da independência de Angola, o rompimento do acordo militar com os Estados Unidos da América (EUA) e a implantação da pesquisa nuclear no Brasil.

Assim, as forças do entreguismo e do financismo começam a combater o que merecia ser mudado, mas misturando com as ações nacionalistas, desenvolvimentistas e de soberania. E a oposição, no afã da unidade, colocou tudo num mesmo projeto que, já em 1990, começa a desconstruir o Brasil.

Bolsonaro é um neto desde erro. O Brasil erra quando considera ser mais importante do que sua população os investidores na Bolsa de Nova Iorque, o Brasil erra quando acha serem possível políticas públicas onde não há soberania, e erra pensando haver emprego onde as indústrias são alienadas por valores ridículos para gestores de ativos de paraísos fiscais.

E são estes os senhores do Brasil, os mais corruptos, que simulam combater a corrupção. O quase centenário estudioso da história do pensamento político, o neozelandês John G. A. Pocock escreveu que os pais fundadores dos EUA – Jefferson, Adams, Washington e seus herdeiros – temiam que “as grandes cidades, os bancos, as concentrações de capital financeiro”, aquelas forças que Eisenhower chamaria de complexo industrial-militar, “corrompessem os lavradores do Oeste, em proveito do Leste urbano”, ao fim para benefício das mesmas forças que eles conseguiram vencer para conquistar a independência das 13 colônias – o capital financeiro inglês (John Pocock, Cidadania, Historiografia e Res Publica, Almedina, Coimbra, 2013).

Pois este mal acabou por corromper não só os EUA, como vemos desde Ronald Reagan, mas o Brasil, desde o processo que levou João Baptista de Oliveira Figueiredo à Presidência.

O que fazer? Parece ser a pergunta de todos.

Claro que não será repetindo os erros. Não será mantendo o monopólio da comunicação de massa a serviço dos interesses estrangeiros e, em consequência, considerando que seus arautos e pseudos analistas têm a verdade e o espírito público. Também não concentrando numa pessoa ou numa instituição a origem do erro.

O que temos é um combate global, contra as instituições corrompidas, contra os políticos antinacionais, contra um judiciário voltado para suas lagostas e privilégios que julgam contra o Brasil, como a recente decisão de alienação do patrimônio nacional. A propósito, quem, senão o povo, cujo suor, trabalho, idealismo, construiu nossas empresas estatais, nossas ferrovias, nossos portos, nossas estradas poderia coloca-las a venda? Poderia fixar o valor mínimo e as condições para transferir a terceiros? Mas foram 11 senhores, aos quais ninguém atribuiu o poder de alienar o Brasil que, atendendo interesses estrangeiros, decidem entregar nosso patrimônio.

Às ruas cidadãos, defendam nosso patrimônio, lutem por vocês e seus filhos.

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