Esperando o mundo mudar
Poema lírico sobre o ruim longevo, e o bom que parte, mas deixa perfume no ar
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Porque as pessoas más vivem tanto, me pergunto, sem resposta exata,
como erva daninha que insiste em brotar na terra maltratada.
Talvez a vida, irônica, queira que elas vejam o mundo mudar,
que fiquem pra ver o bem resistir, o amor vingar, o ódio se apagar.
Talvez vivam muito porque a morte, cansada, não as quer por perto, ou porque o tempo demora a cobrar as dívidas do coração deserto. Quem sabe a maldade cria raízes fortes, difíceis de arrancar, como árvore torta que o vento não dobra, nem tenta derrubar.
Ou será castigo disfarçado de prêmio, essa longa permanência? Ficar por aqui quando já se perdeu toda e qualquer decência. Enquanto isso, o bem às vezes parte cedo, sem aviso, sem razão, feito flor que desabrocha e murcha cedo, mas perfuma a imensidão.