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Donzelas, políticos e tubarões

Policiais da 5ª DP, covil de Robson, temem própria sombra

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Autor/Imagem:
José Seabra - Foto de Arquivo

Maus policiais da 5ª DP, no Plano Piloto, que ficaram com má fama por não reagirem ao ataque de terroristas bolsonaristas no dia 12 de dezembro, literalmente cruzando os braços para verem o circo pegar fogo, compunham o covil do delegado Robson Cândido, ex-diretor da Polícia Civil do Distrito Federal. Serviram de escudo a muita gente. E agora temem as próprias sombras. Motivos não faltam. E as provas surgem a cada dia com as investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público.

Os tentáculos que pegaram Robson e seus pares estão se espalhando. O caso ainda vai dar muito o que falar.  Na 5ª DP, vive-se um filme aterrorizante, como se fantasmas circulassem livremente em sua caçada às bruxas. Se deram guarita a Donizet e Hermeto, vão ocupar guaritas sob a guarda da Polícia Penitenciária.

A turma da delegacia começa a temer as consequências de agirem politicamente, fora dos padrões da Polícia Civil. Agora avaliam, tardiamente, que acabou a era do Robson que mandava e eles faziam.  E a lei, nesses casos, será dura. Muitos namoricos, alguns tipicamente menáge à trois, estão vindo à tona.

Mas não é só isso. Agora, mais do que nunca, fica evidente a postura stalker de Robson Cândido. A fase de perseguição, ataques e chantagens, acabou. Se um está preso, outros continuam livres. Supõe-se, porém, que por pouco tempo. Estripulias de ontem e de hoje não passarão em branco. Como denúncias não podem ser engavetadas impunemente, outras cabeças vão rolar. Quem faz vista grossa para quem agride mulheres, acertará as contas com a justiça.

Mas, como não apenas Robson Candido está na mira, outros delegados começam a preparar defesas contra eventuais acusações. Por diferentes erros (para evitar criminalizar até prova em contrário) muitos estão na mira do Gaeco. Delegados que invadem residências por suposta acusação de busca e apreensão, vão ter de se explicar. Expor famílias acima de qualquer suspeita no Instagram, como se criminosos fossem, é crime. A lei é para todos. E policiais que agem assim, consequentemente passam a ser comparados a malfeitores. Saem para ‘caçar’ pessoas de bem sem olharem o próprio umbigo. O consenso geral é o de que é chegado o momento de acabar com peraltices, com presepadas, com abuso de poder de uma autoridade que existe apenas no distintivo, não no caráter.

As suspeitas são muitas. Os suspeitos, em número maior ainda. Como onde há fumaça há fogo, o cerco não se restringe apenas a Robson Cândido. Os delegados José Werick de Carvalho, Thiago Peralva e João Ataliba não são vistos como meras buchas de canhão do ex-diretor da Polícia Civil. Supõem-se, em tese, que fizeram as vezes de freixeiros e levaram lenha para a fogueira das vaidades. O estopim foi a moça bonita. Muitos anzóis foram lançados. E agora a isca vai trazer à tona tubarões famintos por justiça. O crime é duplo: alimentar fogueira de crise política e alimentar-se de donzelas desamparadas.

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