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Política ferve em Brasília, mas nem todo dia é dia de ir para a caça ou de cassar uma Leoa

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José Seabra

Em política, o pau que dá em Chico, também bate em Francisco. Em Brasília, onde o clima político é efervescente, esse jargão é empregado em 10 de cada 10 rodas de conversas onde a metralhadora gira, mirando alvos nos dois extremos do Eixo Monumental. Atinge os palácios do Planalto, e do Buriti, jogando estilhaços na Câmara dos Deputados e na Câmara Legislativa.

O disse-me-disse das intrigas políticas bate em todas as portas. As denúncias pululam nas redações. Em se tratando de notícia, publica-se. Mas, quando é detectada apenas uma fofoca, joga-se na lixeira.

Primeiro portal aberto de notícias produzido a partir de Brasília, Notibras acumulou ao longo dos últimos 16 anos experiências com os dois lados da vertente. Mais recentemente, nossa equipe de repórteres investigou e denunciou erros pontuais. Mas a Chefia de Redação reconhece que, embora haja um manancial de provas envolvendo as mais diferentes autoridades da República e de Brasília, o pau que dá em Chico eventualmente vem com o recheio de inverdades sobre Francisco. Nessas ocasiões, fatos manipulados são transmitidos como ingredientes da verdade.

É certo dizer que também na política, nada se cria, tudo se copia. Assim como na mitológica Grécia – onde a beleza, a graça e a força se misturavam entre as qualidades de poderosas deusas – a história de Brasília não é diferente. Há deuses e deusas, embora muitos sequer saibam identificar no mapa a localização do Olimpo.

Do Olimpo a Brasília – Mitologia à parte, o momento é o de viver e dizer a verdade. Se a história consagrou Métis, deusa da sabedoria e da astúcia, com capacidade de prever acontecimentos e se fazer personagem de Kafka ou de La Fontaine; ou Atena, a deusa da sabedoria, da guerra, das artes, da estratégia e da justiça, que agia sem deixar de lado a embalagem e recheio femininos; essa mesma história, mesmo que no universo mais restrito da capital da República, difunde a existência de Celina Leão, uma deputada forte e corajosa como fera, pronta a derrotar seus adversários, mas ao mesmo tempo bela, sensível e doce na figura de filha, mãe e cristã.

Quem é Celina, alvo de ataques? Se como parlamentar ela andou escorregando aqui e ali, como mostrou Notibras, também no papel de parlamentar a presidente da Câmara Legislativa teve seus acertos. No primeiro caso, uma ou outra gota. No segundo, um oceano. Este repórter foi conhecer a Celina Leão sem o broche de deputada. E registrou, com surpresa, que por trás dessa força, coragem e determinação existe a figura de uma esposa companheira, mãe dedicada e sensível, e uma mulher de fé que se faz frágil na presença de Deus.

– É o suporte emocional e espiritual que me dá o tom de que preciso para conduzir o Legislativo, que busco levar com harmonia e coerência, disse Celina em depoimento a Notibras. Imperativa, a deputada reafirma que “toda mulher carrega dentro de si muita fé e esperança no futuro, além da sensibilidade tão necessária para os momentos de mudanças e mesmo de crises. A alma feminina sabe que é preciso mudar, mas sempre conservando o que foi conquistado. Saltar para o futuro é preciso, mas sem nunca deixar de levar consigo o passado que oferece lições tão preciosas”, sentencia.

É com esse perfil humanitário, que não se deixa levar pelo poder, mas antes exercita as qualidades impressas em sua essência, como a simplicidade de levar a vida, a facilidade de perdoar e a habilidade de lidar com mudanças, que Celina enfrenta a crise na qual o Distrito Federal está mergulhado. E é nesse quadro adverso, de um cenário político doente, que ela desponta com criatividade e força de trabalho.

Fé remove obstáculos – Uma grande aliada de Celina Leão é a fé. É na igreja Comunidade das Nações que todos os domingos ela e sua família alimentam o espírito com a palavra de Deus. A fé é uma marca que Celina fez questão de mostrar na presença de Notibras, seja com uma oração, um gesto de solidariedade ou uma palavra do evangelho.

Em seu primeiro mandato – e aqui o depoimento é de quem acompanhou as dificuldades do período eleitoral -, todos mantêm a certeza de que Deus levantou um exército para trabalhar pela então candidata. Cercada por amigos, observada de perto pelo repórter, Celina repete uma frase de um vídeo onde ela dá seu testemunho após a primeira vitória nas urnas: “Ninguém acreditava em mim, que eu fosse chegar lá, mas havia uma promessa de Deus em minha vida, para que eu fizesse diferente, fosse o sal na Terra e por essa promessa fui eleita”.

Celina teve uma infância feliz – dividida entre Goiânia, sua cidade natal, e Brasília, que a adotou como filha – como toda criança. Gostava das bonecas, brincava na rua de amarelinha, chicotinho queimado, queimada, pulava corda, pique pega. Tomava banho de chuva e caminhava nas enxurradas barrentas. As risadas, cantos e folguedos fizeram parte da infância da atual presidente do Legislativo.

A menina se fez mulher aprendendo a gostar da simplicidade das coisas do campo, da beleza contagiante da natureza, e dos animais. Andar a cavalo sempre foi o seu esporte favorito.

E foi montando e esporeando cavalos que ela se iniciou no esporte do laço em dupla, aprendendo a laçar bezerro, tarefa comum em fazendas. Um trabalho reservado aos homens, mas que Celina e a irmã Ludmila abraçaram com maestria, formando a primeira dupla feminina de laço do Brasil. Ao lado da mesma inseparável Ludmila, conta Celina, ela viveu uma juventude de botas, esporas e chapéu de boiadeiro, cantando músicas de viola e ouvindo as histórias dos peões ao redor da fogueira, ao lado de gente simples, mas cheia de sabedoria popular.

Mas a história da vida da menina também tem seu lado que começa dolorido e acaba em sorrisos. Aos cinco anos, ela compartilhou o sofrimento do irmão mais velho, que acometido de meningite ficou por mais de um mês internado na UTI do Hospital Neurológico de Goiânia, numa luta incessante contra a morte. Vencida a primeira batalha, voltou para casa numa cadeira de rodas. Celina aprendeu com o irmão a acreditar que as nuvens mudam de lugar e que tudo é possível quando existe fé. Desenganado pelos médicos, Fernando venceu a morte; dado como incapaz, ele não se entregou. E gradativamente recuperou todos os movimentos.

– Voltou a sorrir, a viver. Isto foi uma grande lição. O recomeçar é possível e tem um sabor especial, afirma uma risonha e sensibilizada Celina.

Se o momento é de recordações, a deputada faz uma pausa para homenagear, com os olhos refletindo a luz do sol, a irmã mais velha Luciane, que morreu prematuramente, as avós Astir e Celina (que lhe emprestou o nome) e o avô Guliver, companheiro de memoráveis pescarias. Foram convivências assim, costuma dizer a deputada, que contribuíram para forjar o seu caráter, e que, garante, lhe deram “simplicidade, garra, espírito de solidariedade e fé”.

Um epílogo – Acompanhar Celina Leão fora dos corredores da Câmara Legislativa é uma tarefa que exige paciência. Há sempre quem se aproxime pedindo um autógrafo, um beijo, um abraço, uma foto.

Nessas ocasiões a deputada revela a coerência da sua alma feminina, imprimindo a sensibilidade de mulher que sabe o quanto é difícil viver em um país injusto e desigual. São gestos simples, mas que vão ao encontro da carência do povo, fazendo dela uma política cada vez mais popular.

O desenho que se faz é o de uma leoa com visão de águia no topo do Olimpo, unindo qualidades à coragem e sensibilidade. Como legenda, a certeza de que, na selva política, o dia de caça e de cassação dela não farão parte da história.

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