Exemplos exemplares
Políticos e rufiões atuam e enriquecem à custa do negócio dos outros
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Políticos e donos de prostíbulos são exemplos exemplares de “profissionais” afins, do tipo irmãos siameses. Ambos normalmente atuam dentro do negócio dos outros e, quando quebram ou perdem o mandato, consomem ou abandonam o estoque. Conforme definição de Aristóteles, não há outro significado para quem precisa de coisas e dos outros para se erguer social e economicamente. É o homem imperfeito e carente que busca a comunidade para alcançar a completude. A exemplo do rufião, costumeiramente essa espécie se utiliza da política em benefício próprio. Enriquece ou acumula poderes em detrimento do sofrimento ou da desgraça alheia.
Foi o caso daquele ex-presidente que, por meio de um golpe fracassado, tentou se perpetuar no Palácio do Planalto e é o caso do demagogo e mentiroso Donald Trump, cuja mentira acabou legitimada pela vontade do povo. Apesar do pouco tempo de mandato, essa legitimidade já parece mais corroída do que os colchões utilizados pelos gigolôs no dia a dia de seus negócios por meio do negócio dos outros. A pretexto de recuperar o ameaçado poderio econômico-financeiro dos Estados Unidos, o líder norte-americano só pensa na primeira pessoa. A ordem do ego para o alter ego (um outro “eu”) é se dar bem a qualquer custo.
Sem nenhuma preocupação com o futuro do planeta e apoiado nas cabeças ocas de um bando de puxa-sacos, inclusive brasileiros, ele acha que poderá se perpetuar no poder derrubando as economias de nações asiáticas e europeias. Como escreveu o português Fernando Pessoa, querer não é poder. “Quem pôde, quis antes de poder só depois de poder. Quem quer, nunca há de poder, porque se perde em querer”. Segundo o escritor português, precisar dominar os outros é precisar dos outros. “O chefe sempre é um dependente”. E todos são, independentemente de os chefiados estarem nos EUA, no Brasil ou em qualquer parte do mundo.
Por isso, prefiro o pressuposto dos pensadores, para os quais, em geral, na natureza humana existe mais tolice do que sabedoria. De acordo com o filósofo francês Michel de Montaigne, nas sociedades democráticas ninguém está livre de dizer tolices. “O imperdoável é dizê-las solenemente”. Espalhados por todo canto, as pessoas travestidas de poderosos naturalmente se acham mais espertas do que os espertos. Aliás, essa é a diferença entre eles e o dono de prostíbulos. Os cafetões pelo menos têm empatia e sabem como tratar suas “damas”, tidas e havidas como o grande filão de toda casa do gênero. Já o falso gestor que se homizia nos suntuosos gabinetes dando ordens ilegais tem a falsa percepção de que nunca será descoberto.
Um dia a casa cai e todos saberão o que se esconde detrás de uma máscara. Ainda que tardiamente, os brasileiros descobriram logo dois de uma só vez. Um se foi e dificilmente voltará. O outro está mais próximo da partida do que ele mesmo imagina. Se ocorrer algo diferente do que pensamos em 2026, resta saber se quem virá perceberá a tempo que, no Brasil do século 21, não cabem mais déspotas, golpistas, tampouco salvadores da pátria. O povo anseia por bons políticos. E bons políticos não oferecem facilidades, mas as criam em forma de normas e de leis. Mesmo antes de se eleger presidente dos EUA, Trump dividiu americanos, chineses, europeus e brasileiros entre inimigos e marionetes.
Atualmente, a maioria se posiciona na segunda opção. Faz algum tempo que o Brasil também vive por conta desses indivíduos inoperantes para a sociedade, mas superativos para se cacifar como “homens de negócios”, ainda que seus negócios se abram à medida que o dinheiro entra. Eles se assemelham às atividades da mulher barbada, aquela que a gente precisa pagar para vê-la, tocá-la e se realizar como macho. Como o puxa-saco de político de hoje é o fanático terrorista de amanhã, devemos nos cuidar para, no futuro, não confundir mandatários com donos de casas de prostituição. Pior do que o medo de entregar o poder a quem não entende do riscado ou só pensa no próprio umbigo, é o eleitor consciente ser confundido com prostitutas de beira de esquina. Nenhuma crítica às moças, mas tudo contra os rufiões que vão para a política e avaliam o palácio que recebe do povo como seu prostíbulo de estimação.
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Misael Igreja é analista de Notibras para assuntos políticos, econômicos e sociais