Fantasma eleitoral
Por que os institutos insistem em testar Bolsonaro como candidato?
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Abaixo da linha do mais ou menos, o governo Lula 3 vive uma de suas maiores crises de identidade. Sem apoio algum da direita e da extrema-direita, Luiz Inácio também vive às turras com parte da chamada bancada da situação. Por conta disso, o que estava ruim nas ruas ficou ainda pior no Congresso Nacional, onde, conforme pesquisa divulgada pelo Ranking dos Políticos, a gestão petista é avaliada como “ruim” ou “péssima” por 49% dos deputados federais e 46% dos senadores.
Como contraponto, há a figura de um zumbi que vaga pelos salões do poder em busca de apoio para tentar recuperar o que perdeu democraticamente nas urnas. O que pode estar por trás da necessidade visceral, desumana e criminosa de Jair Bolsonaro lutar até a prisão para se manter sob os holofotes? Seria um recado do além ou das profundezas? Seria um compromisso assumido e não cumprido com o reizinho Donald Trump? Será que faltou alguma coisa menos republicana a ser incluída no acervo da família?
Quem sabe algo que sabidamente Lula da Silva incorporou e ele (Bolsonaro) não conseguiu! Aparentemente, o sonho da perpetuação de um e de outro é somente a ambição pelo comando. Vaidade, voracidade ou as duas coisas? Curiosa e também estranha é a atuação dos institutos de pesquisas. Bolsonaro está inelegível até 2030. Não há chance alguma de a decisão da Justiça Eleitoral ser revertida. Então, qual a razão para que os pesquisadores continuem insistindo em testar o nome de Jair Messias como eventual candidato em 2026? Bajulação, palhaçada ou muita grana?
Seja lá o que for, a insistência deixa mais dúvidas do que preocupação com os números. Não tenho know how na área e não conheço os critérios desse tipo de consulta, mas questiono determinados resultados desfavoráveis à Luiz Inácio na disputa com a direita. Em ocasiões muito específicas, entre elas crises ou viagens externas, a popularidade de Lula cai de dois a três pontos percentuais. Outro questionamento que faço diariamente é sobre o sistemático empate técnico entre Lula e Bolsonaro. Será que a pergunta é bem-feita? Acho que não. Será que ela é dirigida? Sinceramente, acho que sim.
Com a audição semestralmente auferida, ouço com relativa frequência críticas severas ao ex-presidente Bolsonaro, cujo principal legado, segundo eleitores arrependidos, foi apagar o Brasil do mapa do mundo. O negacionismo relativo à Covid 19 se mantém entre os maiores lamentos de ex-bolsonaristas. Vale registrar que o arrependimento alcançou centenas, talvez milhares de eleitores que, como Maria vai com as outras, satanizavam Luiz Inácio.
Elas não satanizam mais. No entanto, Lula não consegue se descolar do fantasma de Jair Bolsonaro. Estranho! Muito estranho! Manter Bolsonaro na lista de presidenciáveis pode ser estratégia dos tubarões da direita, os quais, previamente acertados com o clã, trabalham desde já para formar uma maioria esmagadora nas eleições parlamentares de 2026. Além de nadar de braçada nas pautas de interesse pessoal, deputados e senadores aliados a Jair Messias sonham acordados com o dia em que mandarão sozinhos no país. Salvo melhor juízo, é o preço a ser pago por nossa estultice eleitoral.