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Recados da natureza

Portugal e Espanha ardem no fogo… e Índia e Paquistão se afogam na tempestade

Publicado

Autor/Imagem:
Antonio Eustáquio Ribeiro - Foto Editoria de Artes/IA

Nas duas últimas décadas, a cada ano que passa, a história se repete: verão com temperaturas extremas na Europa em que ano após ano o atual supera o anterior com temperaturas mais elevadas. E repete-se também o mesmo martírio com as queimadas que assolam os países europeus, principalmente Portugal, Espanha, Grécia e França.

Particularmente este ano de 2025, a temperatura com picos extremos tem se mostrado mais presente nos dois países da Península Ibérica. Valores acima de 40 graus estão sendo rotina nos dois países neste verão, que se caracteriza também por tempo seco, o que torna ainda mais fácil o alastramento de fogo.

Em Portugal já foram queimados quase três vezes mais área do que no ano passado, e na Espanha não é diferente. Registros de mortes causadas pelo fogo se repetem nos dois países. Para ilustrar o tamanho do alcance do fogo, em 2025, 2,35% do território português já foi atingido pelas chamas, aproximadamente 2.100 quilômetros quadrados. Em uma comparação com o Brasil seria como se tivessem sido queimados 200.000 quilômetros quadrados do país, o equivalente ao tamanho do Estado do Paraná.

Por outro lado, o sul da Ásia tem sido assolado por tempestades arrasadoras em volume de água e rapidez que se formam e caem sobre os países. Na Índia e no Paquistão nas últimas semanas foram contabilizadas mais de quatrocentas mortes ocasionadas pelas chuvas intensas. Não custa lembrar que há poucos meses o estado norte-americano do Texas foi atingido por uma tempestade repentina que ceifou quase 100 vidas.

Chuvas e incêndios acontecem com frequência, porém, queimadas sob temperaturas elevadíssimas são potencialmente mais perigosas e devastadoras, pois o tempo mais quente torna mais propício o alastramento. E o aumento de chuvas intensas e especialmente rápidas também são efeitos da elevação das temperaturas em todo o planeta, que ao aquecer os oceanos propiciam a formação de nuvens mais perigosas em tempo muito menor. O Rio Grande do Sul em 2024 foi vítima de fenômeno parecido, com todas as perdas que decorreram, principalmente vidas humanas. O aumento de ocorrências de ciclones extratropicais no sul do Brasil também são indicadores de que algo muito sério e danoso está acontecendo com nosso planeta.

A natureza sábia nos avisa e nos manda recados cada vez mais contundentes de que o exaurimento está perto. A despeito dos céticos negacionistas que atribuem estes fenômenos à vontade de Deus, tem crescido na sociedade e nos governos a consciência de que a terra é uma só e a sua destruição será a destruição da vida como a conhecemos, até porque Deus, parafraseando Leonardo Boff, não castiga ninguém com destruição, ela vem pela vontade e mãos humanas mesmo.

Em novembro ocorre a COP 30 em Belém, Brasil, oportunidade em que líderes e representantes de praticamente todos os países do globo poderão debater e deliberar sobre ações mais firmes pela preservação da vida. Adiar mais decisões que deveriam ser tomadas para ontem já estão colocando o planeta no ponto de não retorno. Trata-se de decidir se queremos ou não permitir a permanência de nossa espécie. Em um planeta morto, nada sobrevive.

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Antonio Eustáquio é correspondente de Notibras na Europa

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