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Pré-fórum da água discute meios para evitar crise hídrica em Brasília e no mundo

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Andreia Verdélio

O acesso a água potável como direito humano, gestão compartilhada de recursos hídricos, qualidade da água dos rios e redução da pobreza serão alguns dos temas do evento de lançamento do 8º Fórum Mundial da Água, que acontece em Brasília a partir desta segunda-feira (27). A capital federal foi escolhida para sediar o evento mundial em março de 2018, uma iniciativa do Conselho Mundial da Água e dos governos federal e do Distrito Federal.

O presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, informou que o evento de preparação reunirá cerca de 500 participantes de diversos países, que colocarão suas ideias a respeito dos temas envolvendo os recursos hídricos pelo mundo.

Segundo ele, o fórum é um espaço aberto para muitos atores, chefes de estado e governo, ministros, parlamentares, academia, setor privado e organizações não-governamentais.

“O fórum é organizado a cada três anos, tendo um país hospedeiro. Ele procura motivar a classe política para os desafios e usos múltiplos da água para produzir alimentos, gerar energia, navegação, questão do saneamento e acesso a água potável por todos. Esses temas precisam chegar até as autoridades tomadoras de decisão para que se possam encaminhar soluções para os problemas que enfrentamos”, disse Benedito.

Financiamento – Conforme Braga, as mudanças climáticas ou da variabilidade do clima se manifestam diretamente no setor hídrico, trazendo secas mais longas e enchentes mais densas, que devem ficar mais frequentes. “Temos de nos tornar mais resilientes. Temos de voltar os olhos para a adaptação. Como nos adaptamos? Construindo mais infraestrutura hídrica, barragens e reservatórios para situação de seca, de modo que a população possa depender dessa água armazenada”, acrescentou.

O presidente do conselho esclareceu que o setor de recursos hídricos estará presente na 22ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 22), no fim deste ano, no Marrocos, para influenciar os negociadores do clima a mudar um pouco o foco da mitigação e da questão das emissões de carbono. “Que uma parte do Fundo Verde de US$ 200 bilhões seja destinada para que as populações se tornem mais resilientes.”

Segundo ele, da mesma forma, custará muito caro para se alcançar a meta seis dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, que é ter, até 2030, água limpa e saneamento para todos. “Mas temos de colocar um objetivo para motivar quem toma decisão a alocar recursos para o setor”, argumentou.

Benedito Braga disse ainda que existe um potencial de conflitos entre países pela água. “O Nilo, por exemplo, é um rio que corre por nove países africanos e já existe tensão entre Etiópia e Egito sobre a quantidade de água que será mantida a partir de um reservatório na Etiópia. Os rios Tigres e Eufrates são um problema para Turquia, Iraque e Síria”, destacou.

O presidente do Conselho Mundial da Água adiantou que, durante o fórum, serão apresentadas boas experiência de políticas de compartilhamento da água, como, por exemplo, o Rio Paraná e o Lago de Itaipu, compartilhado entre Brasil e Paraguai.

Disponibilidade hídrica – Benedito Braga disse que a chance de ocorrer uma crise hídrica na Região Sudeste, como em 2014, é pequena. Por outro lado, o Nordeste enfrenta o quinto ano seguido de seca. “O problema lá é muito sério. Para resolver isso, teremos de fazer um trabalho em duas direções: aumentar a disponibilidade da água e promover seu uso racional, que foi o que fizemos em São Paulo, com obras de transposição e incentivos econômicos para a população consumir menos.”

Para Braga, não existe uma solução única. Ele afirmou que, em alguns casos, é possível fazer o reúso e a dessalinização, mas não é o caso do Nordeste. “Precisa sim trazer água de mais longe. Tem de fazer obras e incentivar usos eficientes”, informou, lembrando que a Arábia Saudita faz a dessalinização para produzir alimento no deserto porque tem “óleo para queimar”.

Conforme Benedito Braga, a falsa sensação de que temos água em abundância no país dificulta a conscientização das pessoas e a adoção de políticas para evitar o desperdício. “No Sudeste, precisou ocorrer uma seca daquele porte para que as pessoas repensassem o uso da água”, concluiu.

Agência Brasil

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