Fim da aventura
Precisamos respeitar a memória de Juliana e os desejos de cada um
Publicado
em
Recebemos com muita tristeza a confirmação da morte de Juliana Marins, a brasileira que sofreu um acidente enquanto fazia trilha e ficou presa em um vulcão na Indonésia. Desde que a notícia começou a circular eu esperava que houvesse alguma chance, que algum resgate milagroso pudesse trazê-la de volta com segurança, mas essa esperança se desfez. Me dói profundamente pensar que era uma mulher realizando um sonho, descobrindo novos mundos, vivendo sua própria história, cheia de planos e coragem.
Me dói também o que escuto e leio por aí, os julgamentos apressados que muitos se sentem à vontade para fazer, como se estivessem no lugar dela, como se soubessem o que passou por sua cabeça no momento da viagem. Juliana era uma mulher negra viajando pelo mundo, buscando o que a fazia feliz, e isso por si só já carrega tanto significado. Por que o sonho e a liberdade dela têm que virar motivo para que a culpem? Por que há sempre essa necessidade de apontar o dedo quando a tragédia já é por si só dolorosa demais?
A verdade é que a morte dela me lembra como somos frágeis e como a coragem para viver a própria vida nunca deveria ser tratada com desprezo. Ela partiu cedo demais, e o que nos resta agora é respeitar sua memória e refletir sobre o quanto ainda precisamos evoluir no nosso olhar para as escolhas e os desejos das outras pessoas.