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Briga sem fim

PSL vive clima de bordel que vale R$ 300 milhões

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Autor/Imagem:
Cláudio Coletti

O PSL está mergulhado numa gravíssima crise interna, com desfecho incerto, imaginável na visão dos cronistas políticos. Antes das eleições presidenciais do ano passado, era um partido considerado nanico, com apenas dois deputados. Jair Bolsonaro se filiou à legenda, que acabou bancando sua candidatura ao Palácio do Planalto. A vitória foi avassaladora. Junto a ele foram eleitos 53 deputados federais país afora, passando o PSL a ser uma das maiores bancadas na Câmara, ao lado do PT.

Do dia para noite, tornou-se um super partido, ganhando o direito de acesso aos milionários recursos do Fundo Partidário. Só este ano são 110 milhões de reais, com perspectiva de receber R$ 200 milhões em 2020, ano de eleições municipais. Uma montanha de dinheiro à disposição de uma legenda que há pouco menos de um ano era nanica.

Eis que surge Bolsonaro, publicamente, com a denúncia de que esse dinheiro todo vem sendo gerido pelo atual presidente nacional do partido, deputado pernambucano Luciano Bivar, sem nenhuma transparência. Insinuou-se, inclusive, que Bivar estava se “lambuzando” com tanto dinheiro.

Vinte deputados bolsonaristas pediram uma auditoria para avaliar as contas de Bivar. Como o líder da bancada na Câmara, deputado-delegado de Policia Waldir, de Goias, ficou solidário com Bivar, o presidente Bolsonaro pediu a sua substituição na liderança pelo seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, que até então sonhava ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos.

A líder do governo no Congresso Nacional, a deputada Joyce Hasselmann ficou solidária ao deputado Waldir. Por essa atitude, ela foi desligada da liderança por decisão do presidente Bolsonaro. A essa altura, o clima no PSL virou de guerra, bem parecido com o que ocorre num bordel. O deputadio Waldir chamou o presidente de “vagabundo” afirmando ter informações que poderiam “implodi-lo”. Ele acusou o presidente de tentar comprar deputados com liberações de verbas e nomeações, para que votassem a favor do seu afastamento da liderança da bancada.

Nas duas tentativas de transformar o filho em líder, Bolsonaro foi derrotado. A respeitabilidade também deixou de existir no PSL. Mas, como água mole em pedra dura tanto faz até que fura, o Planalto ganhou a queda-de-braço.

Mesmo com o clima de guerra dominando, o presidente Luciano Bivar promoveu uma convenção extra do partido. Foram aprovadas medidas para tornar sem efeito ações de deputados ligados ao presidente Bolsonaro. Os convencionais suspenderam os cincos principais articuladores da ala bolsonarista: Carla Zambelli (SP), Bibo Nunes (RS), Alê Silva (MG), Felipe Barros (PR) e Carlos Jordy (RJ). Com a suspensão, eles perderiam o direito de assinar qualquer lista de documentos em nome do partido e de falar na tribuna da Câmara. Essa decisão foi tornada nula por não ter amparo legal.

Participaram do encontro cerca de 40 pesselistas. Dos dissidentes, esteve presente apenas Carla Zambelli (SP). Ela reclamou que não houve convite formal aos parlamentares e que soube do evento pela mídia. E disse que também soube pela imprensa, no fim do evento, que estaria suspensa do partido. Com o grupo, ela estuda, agora a possibilidade de invalidar a reunião. O líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP), argumentou que o encontro foi legal e protocolado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Outro tema tratado na convenção extra foi a destituição do deputado Eduardo Bolsonaro da presidência do Diretório Regional do PSL de São Paulo e o Senador Flavio Bolsonaro da chefia do partido no Rio de Janeiro. O major-senador Olimpio, de São Paulo, afirmou que a legenda saiu da convenção extra mais unida. Todas as decisões nela tomadas serão comunicadas ao TSE.

Está marcada para 29 de novembro a convenção nacional do partido. Para o major-senador Olimpio, o afastamento dos filhos do presidente das lideranças do partido contribuirá em muito para a volta da paz. Adiantou ele que o presidente Bolsonaro será o maior beneficiado com o afastamento dos seus filhos. “Eles só têm causado dor de cabeça para o presidente”, afirmou Olimpio.

O certo é que a crise no PSL está longe do fim. Na segunda-feira, a ala bolsonarista conseguiu colocar o filho do presidente na liderança da sigla. O deputado Luciano Bivar prometeu reagir. Novos capítulos da novela virão nos próximos dias.

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