Eleições 2026
Quaest dá Flávio como melhor da direita e Lula já não nada de braçada
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A mais recente pesquisa Quaest sobre a corrida ao Palácio do Planalto, divulgada nesta terça-feira, 16, revela um dado central para a disputa presidencial de 2026: a fragmentação da direita segue sendo o principal ativo eleitoral de Lula. Isoladamente, nenhum dos nomes testados ameaça, neste momento, a liderança do presidente. Mas os números indicam que, num cenário de convergência, o jogo muda — e bastante.
No primeiro turno, Lula aparece com algo entre 39% e 41% das intenções de voto, patamar confortável, mas não avassalador. Flávio Bolsonaro desponta como o nome mais competitivo do campo conservador, com 23%, superando Tarcísio de Freitas e Ratinho Jr. em todos os cenários estimulados. Ainda assim, a soma dos votos dos presidenciáveis de direita ultrapassa com folga os 40%, revelando um eleitorado oposicionista robusto, porém disperso.
É justamente essa dispersão que garante a vantagem do atual presidente. Com Flávio, Tarcísio e Ratinho Jr. dividindo o mesmo campo político, Lula chega ao segundo turno com margem confortável. No entanto, os dados do segundo turno acendem um sinal de alerta no Planalto: a diferença de 10 pontos percentuais, hoje observada contra Flávio, Tarcísio ou Ratinho, é significativa, mas não estrutural. Trata-se de uma vantagem reversível, sobretudo diante de um cenário de unificação e campanha polarizada.
O caso de Tarcísio é emblemático. Em apenas um mês, a vantagem de Lula sobre o governador paulista dobrou, saltando de cinco para dez pontos. O dado não aponta fragilidade de Tarcísio, mas sim o efeito do cenário fragmentado e da ausência de definição clara no campo da direita. Em outras palavras, o eleitor conservador ainda não escolheu um nome — e isso beneficia Lula.
Se houver uma aliança ampla da direita, com um candidato único, discurso afinado e transferência explícita de votos, o cenário muda radicalmente. Flávio Bolsonaro, apesar de rejeições, demonstra maior densidade eleitoral nacional. Tarcísio agrega gestão e apelo moderado. Ratinho Jr. dialoga com o eleitor pragmático do Sul e Sudeste. Separados, perdem; juntos, encostam.
Além disso, o volume elevado de brancos, nulos e indecisos — entre 21% e 23% — indica um eleitorado volátil, potencialmente mobilizável por uma candidatura oposicionista competitiva e unificada. Esse contingente pode ser decisivo num segundo turno apertado.
Em síntese, os números da Quaest mostram que Lula lidera, mas não nada de braçada. A reeleição para um quarto mandato segue viável, porém diretamente condicionada à incapacidade da direita de construir uma frente única. Se essa aliança sair do papel, a eleição de 2026 deixa de ser um caminho confortável para o petista e passa a ser uma disputa aberta, dura e altamente polarizada.
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Marta Nobre é Editora Executiva de Notibras
