Cantares d’escárnio anti Bozo
Qualquer semelhança não é mera coincidência
Publicado
em
Em 1975, quando morei em Portugal, dei aulas numa faculdade em Évora, no Alentejo, e me apaixonei pelos cantos da região.
Uma característica do cantar alentejano é a presença de elementos da natureza: flores, passarinhos, riachos e por aí vai. Amor e dor de corno, típicos do fado, podem estar presentes, mas organicamente mesclados a tais elementos. Esses cantos surgiram para cadenciar o trabalho no campo, e as imagens da natureza remetem a essa origem.
Em 2019, tive uma epifania: zoar o Bozo mudando a letra de canções do Alentejo podia dar o maior samba. Acho que deu. Meus agradecimentos (e eventuais desculpas) antecipados ao Grupo Coral de Cantares Regionais de Portel, por suas lindas peças Eu Ouvi o Passarinho e Foste que Eu Bem Sei que Foste (título delicioso!). Qualquer semelhança não é mera coincidência.
…..
Eu ouvi o passarinho
Eu ouvi o passarinho
Às quatro da madrugada
O Bozo estava lá embaixo
E levou uma cagada.
Deu-lhe uma bela cagada
Às quatro da madrugada
Passarinho tão bonzinho
Fiquei com a alma lavada
Bozo coberto de merda
Bem à margem de um riacho
Para limpar a besta-fera
Convoca logo o capacho
O aspone chega correndo
Trazendo um pano morninho
Tudo isso aconteceu
Quando ouvi o passarinho.
…..
Foste Bozo que eu bem sei que foste
Foste Bozo que eu bem sei que foste
Ao comício da tigrada
E no meio do comício
Tu levaste uma facada
Foste Bozo que eu bem sei que foste
Ao hospital, pela facada
E os médicos de plantão
Viram-te a cueca rasgada
Viram-te a cueca rasgada
No hospital, viu muita gente
E foste Bozo que eu bem sei que foste
Foste eleito presidente
Foste Bozo que eu bem sei que foste
Ao G20, dar vexame
E sem ter o que dizer
Ofendeste os messiedame
Foste Bozo que eu bem sei que foste
Quem queimou a Amazônia
E de pura malvadeza
Presidente sem vergonha