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Um grito na madrugada

Quando dormir de barriga cheia provoca pesadelos

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Produção Irene Araújo

Acabei de acordar com alguém gritando: “Eduardo!” Uma única vez. Tive certeza de que era a voz da minha esposa. Não era possível. Na dúvida, mandei-lhe uma mensagem perguntando se estava precisando de algo. Talvez ela esteja ainda dormindo, pois já passou da meia-noite, 00h38 para ser mais exato.

Abro a cortina do quarto do hotel e olho pela janela. Nada. Tudo escuro e silencioso, a não ser pelo rangido da própria janela se abrindo. Tento voltar a dormir, tenho um cliente logo cedo. Meto o celular debaixo do travesseiro, fecho os olhos. Nada. Perdi o sono.

Minha mulher não me chama pelo nome. Eduardo? Quem poderia ser? Mas a voz era a dela, pelo menos foi o que imaginei. Pego o celular, nada de resposta. Mas eis que vejo uma mensagem do meu grande amigo Daniel Marchi.

Terá sido o Daniel o responsável pelo “Eduardo!”? Não que ele tenha me gritado, mesmo porque a voz nem era de homem. E conheço bem a voz do meu amigo, que em nada lembra a da minha amada. Digo que ele pode ser um possível suspeito porque li ontem mesmo um conto de terror escrito por ele. Deixe-me pegá-lo novamente. Aqui está: “O mistério da tia-bisavó”.

Respondo a mensagem do meu amigo. Aproveito e lhe conto o ocorrido. Ele me diz que a ideia do conto foi do Francisco, seu filho. A conversa se prolonga por meia hora ou mais, até que nos despedimos. Na verdade, o Daniel deve ter adormecido, coisa frequente quando conversamos pelo WhatsApp à noite. Sei que, lá pela tarde, receberei nova mensagem do meu amigo.

Tento voltar a dormir, mas eis que minha esposa finalmente me responde: “Não. Tá tudo bem. Amo você.” A madrugada continua silenciosa. Nenhuma voz gritando “Eduardo!” Deve ter sido por conta do jantar. Quase nunca como à noite e, quando o faço, é algo leve. Creio que perdi a linha ontem. Nunca mais!

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