Morte
Quando o corpo vai mas a presença permanece
Publicado
em
O que é morrer? Volta e meia me pego mergulhada nessa pergunta, principalmente quando a ansiedade resolve bater às portas. É estranho demais pensar que alguém que esteve aqui, que respirou, falou e sorriu, de repente simplesmente não está mais. A morte tem algo de brutal, não só pelo fim em si, mas pela ausência definitiva que ela impõe. A pessoa é enterrada, colocada sob a terra, e o que resta é um último adeus, frio, rápido e muitas vezes silencioso demais para tanta dor.
É cruel pensar que nunca mais vamos vê-la, tocá-la, ouvir sua voz ou compartilhar um instante sequer. A morte rasga o cotidiano. Interrompe histórias e deixa espaços que ninguém consegue ocupar. Mas ainda assim, o mundo segue. O relógio continua girando e as pessoas continuam vivendo, como se nada tivesse acontecido. É aí que a morte mostra sua face mais dura. Ela é invisível para quem não sente a falta.
Mas talvez o mais estranho seja isso. O corpo vai, mas a presença insiste em permanecer. Nos hábitos, nas memórias, nos objetos esquecidos, na casa vazia e nos silêncios carregados. A pessoa se foi, mas não completamente. Ela segue em nós, de alguma forma. E talvez isso seja a parte mais bonita, e também mais dolorosa, de tudo isso.