SUBTERFÚGICO
Quando o peito grita e o prato responde
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Hoje comi sem ter fome, só para acalmar,
O peito apertado não me deixava respirar,
Abri a geladeira sem pensar no que viria,
Buscando algum consolo para a minha agonia;
O doce me abraçou, mas só por um instante,
O sal me distraiu, por um único relance,
Cada pedaço que engolia tentava aliviar,
Mas a ansiedade voltou sem avisar;
Engoli medo, mastiguei solidão,
Confundi a mente nessa ilusão,
Não era a barriga, era tudo que eu sentia,
Uma tempestade que só eu percebia;
Prometi parar, tentei me controlar,
Mas quando a noite vem, não consigo evitar,
Corro para a comida como quem procura abrigo,
Mas só encontro subterfúgios e um sorriso fingido;
No fim, sobra a culpa e o silêncio também,
Uma fome que não passa, um vazio refém,
Aprendo devagar que nada cura de verdade,
Mas sigo tentando, controlar a ansiedade.