Preconceito
Quando surge uma nova liderança, é preciso abrir o caminho
Publicado
em
Vivemos em um mundo complicado, onde simplesmente não temos o direito de viver em toda nossa plenitude. Porque regras nos são impostas por não sabemos quem, mas que se tornam verdadeiros guias de vida para todas as comunidades. E embora algumas fujam do roteiro pré estabelecido, ainda assim não podem escapar de certas diretrizes básicas que nos foram impingidas… são os pré conceitos que estão presentes em todas as ações que cometemos…
Sim, não importa a qual gueto pertençamos, estamos programadas para reagir de forma similar a determinada situação. Temos gravado em nossa psique o que pode ser considerado certo ou errado. Esses são os princípios que irão reger nossa Convivência Social….
Do mais alto grau social até o rodapé de um grupo, certas atitudes, mesmo que comuns a todos, são consideradas execráveis. E se alguém torna público esse tipo de ação por ela cometido, será julgada e queimada em praça pública. Claro que estou falando de uma maneira simbólica, felizmente esse tipo de atitude não é mais usual em nossa Sociedade…
Temos uma cartilha não impressa que determina o que pode e o que não pode… e a seguimos sem pestanejar, mesmo que não tenhamos noção de estarmos agindo assim… porque nossas ações são instintivas… e, como eu disse, todo conhecimento que guardamos em nossa mente vem destes conceitos pré estabelecidos que nos foram implantados quando aqui chegamos…
Nos dividimos em várias camadas dentro de um mesmo grupo. Geralmente percebemos apenas a superfície desse lago imenso que são os grupos sociais e tomamos conhecimento apenas dos grupos com os quais sentimos afinidade. Mas isso não quer dizer, de forma alguma, que não existam outras linhas de pensamento e de ações com as quais jamais sonhamos…
A forma como vemos tais divisões irá depender do quanto nossa programação básica aceita tal linha de ação por parte de alguns membros de determinado grupo. Geralmente, quando nos associamos àqueles que consideramos nossos iguais, nos esquecemos que a nossa formação não é, nem de longe, a mesma dos outros componentes do Grupo. E quando vamos nos aprofundando, passando a conhecer as ideias que circulam por este, a decepção toma conta de nós… porque aquilo que nos apresentam não nos diz nada… é algo com o qual não compactuamos, pois foge totalmente de nossa formação original…
Temos nossos valores sagrados, que jamais podem ser deturpados. Pois estes são a nossa essência. No momento que abrirmos mão de tais conceitos, deixaremos de existir, ao menos simbolicamente. Por um motivo muito simples… somos, basicamente, aquilo que nossas convicções nos tornam. Ao perde-las, perdemos também a razão de viver, de seguir em frente…
O que acabamos por esquecer, constantemente, é que respeitar as escolhas de vida de outra pessoa não significa que iremos seguir seus passos. Cada um de nós tem seu destino traçado, e as escolhas que fazemos na vida nem sempre são escolhas… geralmente são o único caminho viável para que possamos seguir em frente. E, na maioria das vezes essa escolha choca as pessoas que não vivem nossa realidade. Porque elas estão inseridas em outro espaço-tempo, onde aquilo que vivemos não faz o menor sentido…
Isso se torna mais sensível quando alguém de determinado grupo, cuja maneira de proceder não seja aprovada pela maioria, recebe destaque, um título, a missão de representar este. O choque pela escolha será grande, a maioria de determinada partição deste não conseguirá aceitar que tal pessoa a represente… porque sua visão de vida, realmente, não é a mesma desta pequena parcela. Porém… bem, o grupo não são apenas essas pessoas, não é mesmo?
Quando um novo líder é escolhido para guiar… ou simplesmente representar determinado grupo, encontra ao menos três obstáculos que necessita vencer, para que possa cumprir sua missão a contento… ter coragem para seguir em frente, sem saber exatamente o que vai encontrar… vencer a resistência do grupo, que não irá aceitar essa pessoa estranha, que nada tem em comum com esse pessoal, ao menos a princípio… ganhar a confiança de seus acólitos, que ao menos no começo terão dificuldade em digerir a escolha sobre quem está na direção…
Sim… embora vivamos dizendo que devemos combater o preconceito, ele está arraigado de tal forma em nossa alma que é difícil nos desvencilhar do mesmo. E acabamos por perder nessa caminhada que fazemos. Pois ao nos recusar a dar uma chance a alguém que tudo o que pede é que a deixemos se aproximar de nós, deixamos de crescer como indivíduos… e perpetuamos as divisões sociais, que jamais deveriam existir…