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Comer faz bem

Quem disse que pimenta nos olhos dos outros é refresco, errou. Ela cura muitos males

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Autor/Imagem:
Marcel Hartmann

Já ouviu falar do ditado “uma pimenta por mês faz você viver mais”? Pois pode começar a repeti-lo como mantra. Uma pesquisa da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, mostrou que comê-la pelo menos uma vez ao mês reduz a mortalidade em até 13%. E a maior queda é de doenças relacionadas ao coração, como enfarte e acidente vascular cerebral (AVC, o conhecido “derrame”) .

O estudo, publicado em janeiro no periódico PLoS ONE, é grandão: envolveu 16 mil norte-americanos que foram acompanhados, em média, por 18,9 anos. Ao fim do período, os pesquisadores analisaram o número de mortes e suas causas específicas. E viram que a mortalidade de quem comia pimenta ao menos uma vez ao mês era 13% menor.

O que mais chama a atenção é que era beneficiado até quem fumava, alimentava-se mal e não fazia exercícios físicos – uma tríade terrível para a saúde, como a ciência já sabe. Ou seja, a pimenta cuidou até de quem não cuidava de si.

Não há diferenciação sobre qual tipo de pimenta trouxe os benefícios – se fresca ou em pó. Mas, ao fim, os pesquisadores fazem a recomendação: “O consumo de pimenta – ou mesmo de comida apimentada – pode se tornar uma recomendação diária”, conclui Mustafa Chopan, um dos autores.

Segundo os pesquisadores, a pimenta estimula uma substância que promove a dilatação dos vasos sanguíneos, o que reduz a pressão arterial.

Por quê? – As causas são incertas, mas há uma provável explicação: a capsaicina, substância muito presente na pimenta, estimula os canais receptores de potencial transiente (TRP), um grupo de substâncias presente ao redor das células que é responsável por, dentre várias funções, regular a dilatação dos vasos sanguíneos.

Quando esses canais são estimulados, os vasos “abrem” e deixam o sangue passar com mais facilidade. “Isso melhora a oxigenação celular e regula a pressão arterial”, explica Durval Ribas Filho, médico nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Daí resulta a redução na incidência de enfarte e derrame, que ocorrem quando há entupimento dos vasos sanguíneos – no caso do derrame, o sangue não consegue levar oxigênio ao cérebro.

Durval Ribas Filho explica que a pimenta, ao estimular esses canais de TRP, também ajuda a colocar em níveis saudáveis o colesterol bom (HDL) e o ruim (LDL), motivo que pode explicar a redução da prevalência de aterosclerose, doença marcada pelo acúmulo de placas de colesterol nas paredes das artérias, o que bloqueia o fluxo sanguíneo. Além disso, a capsaicina promove a termogênese, que é a queima de calorias. “Assim, o paciente tem menos chances de desenvolver sobrepeso e obesidade”, afirma o nutrólogo.

E até o estômago recebe uma ajudinha, mais especificamente na flora intestinal. “Nossa flora é constituída por bactérias ‘do bem’ e ‘do mal’. A predominância das ‘do bem’ fortalece nosso sistema imunológico e o metabolismo celular”, diz Durval Ribas Filho. “Pessoas obesas, por exemplo, têm prevalência de bactérias ‘do mal’”, acrescenta o nutrólogo.

Contra o câncer – A pimenta, citam os autores do estudo da Universidade de Vermont, também previne o câncer. É que a capsaicina coloca em níveis equilibrados uma substância chamada “NF kappa beta”, que controla a proliferação de células.

Se está em níveis equilibrados, o NF-kappa beta identifica células cancerígenas e manda elas se autodestruírem antes de se multiplicar. “O NF é um mensageiro que manda uma mensagem para o núcleo da célula e provoca, nesses casos, a apoteose (morte celular)”, explica o nutrólogo Francisco Coutinho de Oliveira, membro da ABRAN.

Apesar dos efeitos da pimenta, mesmo em quem era sedentário, os cuidados básicos para a saúde se mantêm. “Essa prevenção que a pimenta trouxe pode ser potencializada se você fizer exercício físico e tiver dieta balanceada”, ressalta.

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