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Inspiração

Quem escreve respira sem medo e transforma o efêmero em eterno

Publicado

Autor/Imagem:
Luzia Couto - Foto Francisco Filipino

A inspiração chega sem aviso,
como um amante que rouba um beijo sob a luz tênue da aurora,
como um sussurro que percorre a pele da alma,
despertando sensações que dormiam.

Às vezes, desliza serena no silêncio da madrugada,
como um vento que desliza suave entre os fios do pensamento.
Outras, irrompe com a força de um trovão,
dilacerando certezas, redesenhando sentimentos,
como uma clareira que se abre entre as tempestades do coração.

Meus versos nascem de olhares que nunca se apagaram,
de cicatrizes que já não doem, mas contam histórias,
de risos que ainda dançam no eco da memória,
de abraços que marcaram o tecido da saudade.
Cada palavra é um fio de ouro bordando minha trajetória,
uma trilha que me conduz do que fui ao que estou me tornando.

Escrevo porque isso me salva,
porque nas entrelinhas me reencontro quando me perco,
porque me lembra que sentir—mesmo que doa, mesmo que arda—é um privilégio.
Escrevo para não esquecer,
para dar forma ao silêncio e sentido às incertezas,
para tingir de cores vivas os dias pálidos da alma.

A inspiração nem sempre chega envolta em beleza;
às vezes, veste-se de lágrimas,
ou chega furiosa como tempestade,
mas é sempre verdadeira.
Quando se instala em mim,
sussurra segredos que eu nem sabia que guardava,
e meus dedos, submissos, dançam sobre o papel,
deixando a alma transbordar em versos.

Meus poemas não anseiam por aplausos,
nem buscam reconhecimento;
apenas querem tocar um coração inquieto,
embalar um pensamento perdido,
ou ser companhia silenciosa nos instantes
em que a alma deseja ser lida,
ouvida sem julgamento.

Porque escrever é respirar sem medo,
é despir o invisível,
é transformar o efêmero em eterno.
E em cada verso que nasce de mim,
há um pedaço do céu que desejo compartilhar,
uma emoção que me fez estremecer,
uma inspiração inesperada
que veio para ficar.

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