Spoiler
Quem vive, muda; e quem muda, continua o ritmo da vida
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Talvez a gente devesse avisar com mais frequência: no final, você se cura e fica feliz novamente. Mas não como alívio fácil ou frase de almanaque. Dizer isso é como deixar um bilhete escondido na dobra do tempo, pra quando alguém ou a gente mesmo pensar em desistir.
Na etnografia da dor, aprendemos que cura não é apagar cicatriz, mas aprender a conviver com ela sem que sangre toda vez que alguém toca.
Cura é o retorno lento ao que somos, depois de termos sido quebrados.
Felicidade, nesse contexto, não é euforia, é paz. É o dia em que levantar da cama não dói tanto. É quando o silêncio não grita mais.
Esse “spoiler” é quase um ato político. Num mundo que vende performance de felicidade e glamouriza sofrimento silencioso, dizer que a cura existe é revolucionar a esperança. Não aquela esperança vazia, mas a que se alimenta de persistência, de terapia, de oração, de arte, de gente.
Na vida real, ninguém entrega flores no final da história, mas talvez alguém estenda a mão. E às vezes, a mão é a sua própria. Spoiler: você vai se levantar. Vai doer. Vai parecer que não. Mas vai. Porque quem vive, muda. E quem muda, continua.