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Pivô esquecido

Química entre Lula e Trump lembra o ditado do amor que bate e fica

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto de Arquivo/Reprodução Okdiario.com

Quem nunca insistiu em um contatinho com zero chance de virar um relacionamento sério? Se você, meu caro leitor, pensou em algum tipo de saliência, errou redondamente. Gosto da safadeza séria, mas hoje minha narrativa tem a ver com a alquimia sutil entre dois homens poderosos, aquela que transforma rotinas monótonas em momentos extraordinários. Tudo a ver com a alquimia poética, aquela que garante que o amor daquilo onde bate fica.

Já dizia Jorge Ben (o Ben Jor) que, nem sempre discretos e silenciosos, os alquimistas “escolhem com carinho a hora e o tempo do seu precioso trabalho”. Foi o que aconteceu com Luiz Inácio e Donald Trump. Da química de raros 38 segundos à troca de afagos do tipo estamos juntos até que os votos nos separem, foram menos de 15 dias. Com a rapidez de um raio ora verde e amarelo, ora azul, vermelho e branco, Lula lá passou de diabo rabudo e comunista comedor de criancinhas ao camarada a ser visitado.

Não sei que tipo de piada o presidente brasileiro contou para seu colega americano no encontro na ONU, mas está claro que Lula mudou o rumo da prosa entre os dois mandatários. Não à toa, o líder petista foi uma das boas coisas que aconteceram a Trump na última Assembleia da ONU, conforme textual do próprio Trump. Apesar de superficial, a reunião eletrônica dessa segunda-feira (06) parece ter amolecido ainda mais o coração e a alma do agora nosso querido laranjão. O resto do amolecimento não nos interessa.

O fato é que o que era somente química virou um auspicioso e florescente grude. Tanto que, além dos agrados de parte a parte, ficaram encaminhadas visitas mútuas em futuro a ser combinado. O mais interessante é que o pivô da desavença inicial e gerador do tarifaço e das sanções a autoridades brasileiras sequer foi lembrado no bate-papo presidencial de meia hora. Jair Bolsonaro e sua trupe golpista ficaram de fora da conversa e provavelmente do pensamento dos protagonistas da política das Américas. Foram escanteados, esquecidos.

Ou seja, o Jair de todas as simpatias trumpistas deve ter saído na urina e despejado longe da Casa Branca e do Palácio do Planalto. Dizer que Lula e Trump já são os maiores amigos do mundo é temerário. Entretanto, restam poucas dúvidas de que o acerto político-econômico entre Brasil e Estados Unidos é muito mais importante do que Dudu Bananinha lamber as botas e abanar o rabo para o líder norte-americano. Ao contrário de uma boa relação entre estadistas e mandatários das duas maiores repúblicas das Américas, um bom rabo se encontra em qualquer esquina de lá e de cá.

Ainda é cedo para afirmar o que está por vir. É impossível adiantar ou especular sobre uma possível revogação do tarifaço e das sanções impostas principalmente ao ministro do STF Alexandre de Moraes. O que está claro, porém, é que Jair e todos os demais Bolsonaro perderam o rebolado. No jargão mais popular, sifu. Como cristão, não desejo mal a ninguém. Todavia, como ser humano cheio de imperfeições, daria meio litro de vodca sem metanol para quem me jurasse que a cara de Jair Messias e de seus meninos não se assemelha hoje a um siri com câimbra. Por fim, no dia da morte da fictícia Odete Roitman, o velório real foi na casa do clã Bolsonaro.

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Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras

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