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Dulaglutida

Remédios previnem riscos cardíacos enquanto tratam diabete

Publicado

Autor/Imagem:
Ludimila Honorato

Doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre diabéticos, segundo pesquisas e especialistas. Para evitar algum evento cardíaco, como enfarte ou acidente vascular cerebral (AVC), e otimizar o tratamento, algumas medicações que controlam a diabete também reduzem riscos macrovasculares.

Um estudo recente chamado REWIND analisou os efeitos do composto dulaglutida, medicamento injetável que trata diabete tipo 2. Disponível no Brasil desde 2016, o remédio tem efeito comprovado para controle glicêmico, mas só agora foi atestado que ele reduz riscos cardiovasculares em adultos.

Pacientes com diabete de 24 países, incluindo o Brasil, participaram do estudo, no qual 31% dos participantes já tinham alguma doença cardiovascular estabelecida. A maioria das 9.901 pessoas analisadas tinha apenas fatores de risco, como histórico de hipertensão, insuficiência renal ou eram fumantes com 60 anos de idade.

“É uma nova era no tratamento da diabete conseguir prevenir complicações macrovasculares”, afirma o endocrinologista João Eduardo Nunes Salles, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). O especialista é um dos investigadores do estudo, que acompanhou os pacientes durante uma média de cinco anos e quatro meses.

Salles destaca que tanto os pacientes tratados com dulaglutida quanto os que receberam placebo continuaram utilizando remédios para controlar colesterol e hipertensão arterial. O grupo do placebo também permaneceu tratando a diabete com outros medicamentos que não o analisado.

“O grande benefício do estudo é que o remédio para diabete associado a outros contra fatores de risco pode reduzir a mortalidade quando comparado com nada”, diz o endocrinologista.

Outros estudos ainda são necessários para identificar por que a dulaglutida reduz o risco de doenças cardiovasculares. “São várias hipóteses. Talvez ela controle a hipertensão ou um problema inflamatório sistêmico”, sugere Salles.

Segundo a SBD, 13 milhões de brasileiros têm diabete, sendo que a do tipo 2 — alvo do estudo — representa 90% dos casos. No mundo, estima-se que haja mais de 415 milhões de adultos com a doença e, devido ao aumento da prevalência, que eles cheguem a mais de 640 milhões até 2040. Além disso, pesquisadores de um estudo realizado nos países bascos citam que cerca de 80% dos pacientes com diabete tipo 2 morrem em decorrência de complicações relacionadas ao coração.

Outro composto que trata diabete e apresentou resultados positivos contra doenças cardíacas foi a dapagliflozina. Um estudo que analisou 17.160 pacientes com diabete tipo 2, sendo 10.186 com doença cardiovascular, mostrou uma menor taxa de morte por motivos do coração e de hospitalizações por insuficiência cardíaca.

“Hoje, temos um arsenal terapêutico muito grande, mas, infelizmente, nenhum desses produtos está disponível na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Isso, para o médico que está no sistema público, é bastante angustiante”, conta o endocrinologista, que é professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo. Para os que podem ter acesso, um remédio que controla a diabete e previne doenças do coração ajuda na adesão ao tratamento.

Salles comenta que, segundo dados americanos, cerca de 60% dos pacientes que começam um tratamento para diabete deixam de tomar o remédio depois de um ano. “Tem de se colocar no lugar do paciente. O fato de usar menos medicamentos faz com que você tenha uma aderência melhor ao tratamento”, diz o médico. Porém, no caso da dulaglutida, ele afirma que o uso do composto não dispensa o de outros remédios, como para hipertensão e colesterol.

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